quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Anvisa faz alerta aos médicos sobre risco de pílula

Estudos internacionais mostram que anticoncepcionais com menos reações adversas triplicam incidência de trombose
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta segunda-feira (31) um alerta sobre os possíveis efeitos colaterais das pílulas anticoncepcionais combinadas (COCs), sendo as mais conhecidas no mercado a Yaz e a Yasmin.
A medida foi tomada após um novo estudo internacional reforçar que os anticoncepcionais que contêm o hormônio drospirenona aumentam em até três vezes o risco de trombose venosa entre as usuárias. Em nota, a fabricante destes medicamentos, o laboratório Bayer, informou que tem conhecimento da nova pesquisa, mas que ainda analisa os resultados para comentá-los.
A Bayer afirmou também que “os resultados de estudos de segurança realizados pós-comercialização de até 10 anos dão suporte à conclusão da Bayer de que os produtos são seguros e eficazes quando utilizados conforme indicação médica.”
Estas pílulas ganharam popularidade por provocarem menos reações adversas – comuns nos anticoncepcionais, como inchaço, ganho de peso, dores de cabeça e também diminuição da libido –, benefícios agregados justamente por serem produzidas com doses diferenciadas de hormônios que agora, tudo indica, mostram-se como responsáveis pelo o aumento da incidência dos coágulos.
O novo ensaio científico – que levou a Anvisa a emitir o alerta – foi publicado semana passada no periódico científico Britsh Medical Journal, uma das revistas médicas mais respeitadas no meio acadêmico. Nele, pesquisadores dinamarqueses revisaram os dados de todas as mulheres da Dinamarca que não ficaram grávidas no período entre 2001 e 2009.
Foi constatado o registro de 4.200 casos de trombose venosa. Na comparação entre usuárias de pílula tipo COC e usuárias de pílulas só com progesterona, o risco do problema que resulta em trombose foi duas vezes maior. Quando foram comparadas a mulheres que não usavam nenhum medicamento contraceptivo, a incidência nas usuárias das pílulas do tipo COC foi três vezes maior.
No mês passado, a FDA (Food and Drug Administration), agência norte-americana responsável por regular o mercado de alimentos e medicamentos nos EUA, já havia emitido um comunicado de advertência sobre estes efeitos colaterais no sistema venoso feminino.
A Anvisa agora segue a mesma linha e avalia que mesmo sem novos achados contundentes para a proibição do medicamento, vai reforçar aos médicos que fiquem atentos aos possíveis casos de trombose entre as usuárias. Na nota técnica, a agência brasileira orienta que os profissionais notifiquem qualquer efeito colateral apresentado por suas pacientes, mesmo que eles já estejam previstos na bula.
Benefícios e malefícios
O presidente da Comissão de Contracepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Rogério Bonassi, ponderou que os novos resultados dinamarqueses ainda não são definitivos e que não há motivo para pânico ou alarde.
“A trombose, mesmo entre usuárias de pílulas Yaz e Yasmin, é um evento muito raro”, afirma.
“Entre usuárias de anticoncepcionais comuns, o risco de trombose é de cinco casos para cada 100 mil mulheres. A incidência, portanto, aumenta para 10 casos em 100 mil entre as consumidores de COCs, uma incidência ainda muito pequena”, avalia.
“Isso sem contar que a gravidez é um fator de risco muito maior para este problema venoso. Entre as grávidas a incidência é de 60 casos em cada 100 mil.”
Ainda de acordo com Bonassi, os benefícios destas pílulas são muitos, em especial na redução de sensações desagradáveis para as pacientes. Ele afirmou também que a trombose tem causa genética e não é muito influenciada por hábitos de vida (exceto obesidade). Por isso, defente o especialista, todos os métodos contraceptivos precisam ser discutidos entre o médico e paciente antes de iniciar o uso.



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