segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Felipa Tavares: "Se for só beijinho, não falo que sou transexual"

Modelo descoberta pelo agente Sérgio Mattos, sonha em seguir os passos da top internacional Lea T. Confira a galeria de fotos
Dia comum na praia do Leme, zona sul do Rio de Janeiro: muito sol e mar tranquilo, daqueles que só tem umas marolinhas. Mas a monotonia dura pouco. Em uma academia a céu aberto, na praia, um grupo de homens musculosos cultua suas medidas até que a modelo Felipa Tavares, 1,81m, chama a atenção da galera ao posar para fotos com um maiô cavado preto. Os marmanjos ficam alvoroçados. Tanto que nem reparam em um detalhe: a mineira, de 25 anos, nova aposta da Agência 40° de Sérgio Mattos, verdadeiro mulherão, é na verdade um menino.

Felipa é transexual. E não operada. Mas o jeito delicado e os traços femininos – de nascença, já que Felipa não fez ainda nenhum tipo de cirurgia-, permite que ela viva a vida como uma mulher qualquer. Provocando, inclusive, cantadas e cortejos por onde passa. “É muito difícil alguém perceber que sou transexual. Na balada, muito homem vêm para cima de mim. As minhas amigas, que são mulheres de verdade, até ficam meio chocadas e tristes porque chamo a atenção”, diverte-se ela.




Felipa é filha de um mecânico e de uma funcionária de cartório aposentada. Desde a adolescência, gostava de usar maquiagens, cabelo rosa, calças justas e camisetas baby look. Quando a mãe morreu, em 2004, decidiu morar com a avó e a tia evangélica em Vila da Penha, subúrbio do Rio. Trabalhou como caixa de uma boate LGBTS em Copacabana e garçonete de um restaurante especializado em carnes australianas. Até que resolveu seguir o sonho e participou do workshop de modelos do Sérgio Mattos. “Sou multiuso. Encaixo no perfil de menina, de trans e de andrógina. Acho que estou na hora certa no mercado de trabalho porque o Serginho pode brincar comigo”, afirma. “Acredito muito no potencial da Felipa”, diz Mattos. “O mundo da moda está pedindo androginia”, completa.
A modelo transexual brasileira Lea T., que conquistou as passarelas internacionais depois de desfilar para a grife francesa Givenchy, foi sua principal inspiração, claro. “Quando vi o estouro dela percebi que a hora de investir nessa carreira era agora. Se ela fez sucesso, outras também podem fazer. Não quero tomar o lugar da Lea, tem espaço para todas”, diz. Mesmo assim, Felipa alfineta a top. “Em toda reportagem ela reclama de alguma coisa. Quem dera se eu tivesse metade dos problemas dela. Ela está muito bem. Claro, a vida é difícil para todo mundo. A de transexual é mais ainda. Mas as pessoas não conseguem viver e levar para a frente?”, provoca ela.







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