Pesquisa descobriu macho que convive com irmãs tem mais facilidade para acasalar, pois eles aprendem como se comportar
Sociedade igualitária: fêmeas são tão musculosas quanto os machos, renegando qualquer forma de estrutura de poder
Os macacos da Mata Atlântica brasileira chamados muriquis ou monos-carvoeiros, uma espécie em alto risco de desaparecimento que chega a apenas mil indivíduos, vivem numa sociedade igualitária.
As fêmeas são tão musculosas quanto os machos, portanto não existe ameaça de sujeição física. Os machos, renegando qualquer forma de estrutura de poder, não competem para ser o macaco alfa. Mesmo quando se trata de acasalamento, os machos tendem a simplesmente esperar sua vez, em vez de brigar.
Karen Strier, antropóloga norte-americana da Universidade do Wisconsin que observa muriquis há vinte e nove anos, diz ter sempre pensado que, na ausência de uma hierarquia social, nenhum macho individual deveria ser muito mais bem-sucedido na reprodução do que os outros. Para testar esta ideia, ela e uma equipe recorreram recentemente a análises de DNA para determinar quem eram os pais de vinte e dois filhotes de muriqui.
Sua pesquisa, publicada nas Atas da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, mostra que, mesmo não havendo superpais, alguns machos tinham ligeira vantagem.
Mas essa vantagem não tem nada a ver com atributos físicos. Um macho tem maior sucesso reprodutivo se ele compartilha uma proximidade física incomum com sua mãe, ou se tiver a sorte de viver com uma ou duas irmãs.
A equipe de Strier crê que essas fêmeas podem ajudar seu parente macho a aprender como se comportar adequadamente perto de parceiras em potencial, ou talvez lhe deem acesso especial a boas oportunidades de acasalamento. "É como se você saísse com sua mãe", ela diz, "e encontrasse uma amiga dela que tem uma filha linda". (Para um muriqui macho, "linda" quer dizer ovulando).
Além disso, Strier diz que os padrões de acasalamento dos muriquis poderiam dar credibilidade à "hipótese da avó" entre humanos: a ideia de que as mulheres evoluíram para sobreviver a seus anos reprodutivos, de modo a poderem se concentrar nos filhos de seus filhos
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