sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A hora da virada

Não é só o ano que precisa mudar no dia 31 de dezembro. Quer colocar o pé no novo ano e em uma vida nova? Aprenda a se reinventar
Todo mundo já desejou alguma vez que sua vida fosse completamente diferente do que é. Nós, humanos, somos seres difíceis de satisfazer. Mas esse descontentamento, em geral, é só um desânimo passageiro, fruto de um dia ruim, ou nostalgia, diante de um pôr do sol especialmente deslumbrante...
Eventualmente, no entanto, você pode mesmo estar vivendo a vida errada, conformando-se em ser menos do que poderia, sujeitando-se a situações estressantes apenas por falta de coragem para promover as mudanças que o tirariam dessa posição.
Existem formas de descobrir se o seu descontentamento é passageiro ou se você precisa mesmo mudar de vida. E existem recursos de que você pode lançar mão para encontrar a coragem para pisar no breque, dar marcha a ré e pegar a outra saída. A insatisfação pode estar em qualquer
Ansiedade e incerteza podem causar rejeição a ideias criativas
área: trabalho, amor, família, dinheiro, comportamento... A gente logo sente que tem algo de errado.
Em uma matéria em sua revista mensal, O Magazine, a todo-poderosa da mídia, Oprah Winfrey, considerada a mulher mais influente do mundo, relacionou três questões que todo mundo deve se fazer para descobrir se está seguindo o caminho profissional certo.
1-Como o que você está fazendo o faz sentir?

2-Seu trabalho tem um impacto positivo em outras pessoas?

3-Ele aumenta o volume e a vibração da sua vida?
Faz pensar, não é?
Geralmente, a necessidade de uma virada vem acompanhada de momentos de crise, em que algo importante acontece para nos fazer pensar se estamos felizes. “É quando nos questionamos e notamos que o que fazemos não faz mais sentido para nós, os resultados não estão satisfatórios, o desempenho está negativo, nossas ações não estão de acordo com nossos valores, interesses, sonhos, talentos e missão”, explica a professional coach de São Paulo, Paula Sabóia.
Foi o que aconteceu com o carioca Amadeu Bocatios, 46 anos. Ele foi demitido de seu emprego em 2008 e encontrou na necessidade uma forma de transformar seu hobby em trabalho. “Nunca havia visto a fotografia como meio de sustento. Mas, quando me vi desempregado, percebi que dessa paixão poderia vir meu ganha-pão”, conta o repórter fotográfico. A mudança radical, nesse caso, não foi pensada com calma e decidida, veio como uma necessidade. Mesmo assim, não é uma reviravolta fácil, já que Amadeus trocou a possibilidade de um emprego fixo, com carteira assinada e garantia de salário no final do mês por uma profissão incerta que intercala momentos bons e ruins.
“Mas sou feliz porque faço o que amo, com prazer, amor, respeito pela verdade e sempre com a preocupação de mostrar exatamente o que meus olhos veem em cada situação cotidiana”.
 Amadeu Bocatios, 46 anos, perdeu o empregou e transformou um hobby antigo em meio de vida
E você, sente essa empolgação toda ao descrever o que faz? Se não, que tal parar para pensar se existe outro caminho?
Em outras ocasiões, no entanto, o reconhecimento de que é hora de mudar está exatamente na acomodação. “Quando estamos em nossa área de conforto que de confortável tem muito pouco. Não passa de uma acomodação por medo da mudança. As coisas estão paradas ou há uma sensação, que não conseguimos definir com clareza, dando-nos insatisfação”, explica a psicóloga de São Paulo Flavia Penteado.
É exatamente neste momento que devemos analisar nossa vida, nossas atitudes, nossos comportamentos mediante as questões que estamos vivendo e buscar recursos internos e externos para achar saídas que nos levem até o objetivo desejado.
Dependendo do tipo de mudança que você pretende fazer, prepare-se porque vai provocar reprovações ou até sofrimento em quem está a sua volta. Mas a escolha da hora está dentro de você. “O momento certo de tomar uma atitude para dar a virada na vida é quando a pessoa percebe que o que ela está vivendo não agrega mais nada (crescimento, prazer, bem estar etc) para si nem para as pessoas com quem compartilha tal situação. A tendência, possivelmente, é de aumentar o desconforto e insatisfação, culminando em crescente frustração”, ensina a psicoterapeuta de São Paulo Mariah Bressani.
É sempre aconselhável não deixar a situação chegar naquele ponto tão intolerável que fará você agir por impulso. Por mais necessária que seja a mudança, ela sempre deve ser bem avaliada antes, para você descobrir a melhor forma de implementá-la.
Inquietação, angústia, ansiedade, medos, insatisfação, falta de alegria e cansaço excessivo são sinais de alerta que o inconsciente está mandando para que você mude a direção de sua vida. “Depois desses sinais, a psicossomática nos diz que o corpo vai gritar por socorro, provocando doenças”, lembra Flávia Penteado.
A gente vê essas pessoas que deram um giro de 180º felizes e satisfeitas e achamos que para elas foi a coisa mais simples do mundo. Mas nunca é bem assim. As resistências internas e externas vão aparecer. As internas dizem respeito a suas próprias crenças limitantes. Carregamos uma bagagem pesada cheia de preconceitos e valores que dizem que “ser assim” é mais digno do que “ser assado”.
Ao decidir terminar um casamento, por exemplo, é inevitável pensar que ser solteira é sinal de solidão e vazio. Mesmo quando a solidão e o vazio também estão dentro do casamento falido. E existem as barreiras externas, que aparecem quando você começa a contar para as pessoas que pretende mudar.
“É preciso enfrentar as opiniões adversas e pressões da família e amigos, quando esses têm expectativas diferentes e não apoiam a mudança. Você tem um trabalho extra de reverter a situação e influenciar os outros a apoiarem sua decisão”, explica Paula Sabóia. Isso porque a ideia de lutar sozinho contra tudo e contra todos é bonita na ficção. Na realidade, ter pessoas queridas apoiando ajuda e muito, inclusive nos momentos de dúvida que fatalmente devem surgir ao longo do trajeto.
Perder peso pode ser uma das ‘reinvenções’ mais cobiçadas. E para quem briga com a balança parece uma equação óbvia: quanto mais em forma você estiver, mais feliz será.
Para a produtora musical Monika Mendonça, 57 anos, o caminho foi diferente. Ela estava há dez anos com trinta quilos a mais do que seu peso ideal. Terminou um casamento de 31 anos, encontrou uma profissão depois de passar a maior parte da vida sendo apenas mãe e, só quando estava feliz e realizada, é que conseguiu forças para fazer dieta e exercícios e ficar bem mais leve. “Perdi 25 kg em quatro meses, sem tomar remédio algum. Meu método para perder peso é ser feliz, manter o humor e ir à luta!”. Disposição não falta para Monika, que sai em disparada rumo aos últimos 5kg a queimar.
Tamanha mudança sempre exige uma transformação nos hábitos. Para começar, defina o que você espera da sua vida nos próximos anos. “O que determina nosso grau de felicidade e realização é a distância entre ‘onde estou’ e ‘aonde quero chegar’”, afirma Flavia Penteado.
Por isso, não importa o tamanho do seu objetivo, mas sim se você vai conseguir atingi-lo ou não. Descreva com o maior número possível de detalhes o que você precisa fazer para chegar aonde quer. Podem ser cursos de aperfeiçoamento, mudanças de comportamento ou até ajuda profissional de um terapeuta ou coach. Exercitar seu inconsciente também ajuda bastante. Acredite em si, em seu potencial e nas suas habilidades para vencer. Visualize a situação desejada acontecendo, sinta a emoção da vitória, imagine o que escutaria e veria de positivo no momento dela.
“Persista. Os obstáculos proporcionam crescimento. Não existe fracasso, apenas feedback e aprendizado. Não são os eventos em si que nos afetam, mas sim a percepção que temos deles”, ensina Paula Sabóia.
Afinal, você tem controle e responsabilidade sobre sua própria vida. Você está onde está porque as escolha que fez o levaram até aí. E, o mais importante, chegará aonde quiser chegar por mérito seu. Basta querer.




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