terça-feira, 16 de outubro de 2012

Paquistanesa baleada tem 'boa chance de recuperação', dizem médicos britânicos


Segundo especialistas, tratamento de Malala Yousufzai, que foi transferida para o Reino Unido, poderá levar meses

A estudante paquistanesa Malala Yousufzai, baleada pelo Taleban por defender o direito das meninas a estudar, tem "boas chances de recuperação", disseram médicos britânicos nesta segunda-feira, depois de ela ser transferida ao um hospital em Birmingham, na Inglaterra.
"Os médicos acreditam que ela tem uma chance de ter uma boa recuperação em todos os níveis", disse o doutor Dave Rosser, diretor do hospital, acrescentando que seu tratamento e reabilitação poderão levar meses.
AP
Estudante paquistanesa segura foto de Mala Yousufzai, baleada na cabeça por defender direito das meninas à educação
Malala foi levada de avião do Paquistão para receber tratamento no Hospital Queen Elizabeth, em uma unidade especializada em lidar com casos complexos de trauma que atendeu centenas de soldados feridos no Afeganistão.
Imagens de TV mostraram uma paciente, que poderia ser a menina, sendo levada de uma ambulância para dentro do hospital, rodeada por uma grande equipe médica. Agora, ela passará por exames para revelar a extensão de seus ferimentos, mas Rosser disse que não poderia fornecer mais detalhes sem o seu consentimento.
Cirurgiões paquistaneses removeram uma bala de perto de sua medula espinhal durante uma cirurgia de três horas no dia seguinte ao ataque na semana passada, mas agora ela precisa de cuidados intensos para a recuperação.
O tratamento da estudante deve incluir reparação de ossos danificados em seu crânio e um complexo acompanhamento neurológico. "As lesões de ossos do crânio podem ser tratadas com muito sucesso pelos neurocirurgiões e os cirurgiões plásticos, mas é o dano na circulação de sangue no cérebro que vai determinar a sequela a longo prazo", disse o consultor em cirurgias de trauma do Barts Health NHS Trust de Londres, Duncan Bew.
Os funcionários do hospital e governo se recusaram a dar detalhes sobre as medidas de segurança que seriam colocadas em prática para proteger Malala, mas um porta-voz do Ministério do Interior disse que a segurança dela era "uma prioridade tanto para o Paquistão como para o Reino Unido".
Um porta-voz do hospital disse que não há medidas adicionais, mas como a unidade tratou militares britânicos, ela já tinha uma "segurança bastante robusta".
Malala tornou-se um poderoso símbolo de resistência contra os esforços do Taleban para privar as meninas de educação. Opositores ao governo do Paquistão e militares dizem que o atentado é outro exemplo de falha do Estado em combater a militância, a maior ameaça para a estabilidade do país do sul asiático com armas nucleares.
O ataque contra Malala aconteceu após anos de campanha que colocaram a menina contra um dos mais cruéis comandantes do Taleban do Paquistão, Maulana Fazlullah. Fazlullah e sua facção do Taliban paquistanês assumiram o Vale do Swat, terra natal de Yusufzai, em 2009, após chegar a um acordo com o governo que lhes deu o controle de facto do ex-ponto turístico.
Fazlullah impôs a versão austera do islã do Taleban na região, explodiu escolas para meninas e publicamente executou aqueles considerados imorais. O Exército posteriormente lançou uma grande ofensiva em Swat, forçando muitos combatentes do Taleban a fugir.
Fontes do Taliban disseram que Fazlullah ordenou dois homens especializados em assassinatos de alto perfil para matar Malala.

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