Cientistas esperam usar descoberta para tratar transtornos psiquiátricos em que a violência é um problema comum
Se você sempre se perguntou por que pessoas com fome são mais propensas a ficarem zangadas ou agressivas, um grupo de pesquisadores britânicos afirma ter descoberto a razão: os níveis de serotonina – um hormônio que ajuda a regular o comportamento – flutuam quando as pessoas estão estressadas ou há muito tempo sem comer.
A flutuação dos níveis de serotonina afeta partes do cérebro que permitem às pessoas controlar a própria raiva, explicaram os pesquisadores da Universidade de Cambridge em um artigo publicado esta semana na revista científica Biological Psychiatry.
“Sabemos há décadas que a serotonina desempenha um papel fundamental na agressividade, mas só muito recentemente tivemos a tecnologia para examinar o cérebro e estudar o quanto a serotonina nos ajuda a regular nossos impulsos emocionais. Combinando uma longa tradição em pesquisa comportamental com novas tecnologias, finalmente fomos capazes de elucidar o mecanismo pelo qual a serotonina pode influenciar agressividade”, disse a pesquisadora Molly Crockett, que integrou o grupo de pesquisadores responsáveis pelo estudo, feito no Instituto de Neurociências Clínicas e Comportamentais de Cambridge.
Na condução do estudo, os pesquisadores controlaram a dieta de voluntários saudáveis para manipular os seus níveis de serotonina. Os cérebros dos participantes foram então escaneados usando um aparelho de ressonância magnética funcional enquanto eles observavam rostos com expressões que indicavam raiva, tristeza e neutralidade, para determinar como várias partes de seus cérebros reagiram e se comunicavam umas com as outras.
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O estudo revelou que baixos níveis de serotonina deixaram as comunicações entre determinadas partes do cérebro mais fracas do que o normal. Os pesquisadores concluíram que, quando isso acontece, pode ser mais difícil para o cérebro controlar as respostas emocionais de raiva.
Os participantes também responderam a um questionário de personalidade para avaliar se eles tinham ou não uma tendência natural para a agressividade. Aqueles que estavam predispostos a serem agressivos tinham uma comunicação ainda mais fraca entre certas regiões do cérebro quando os níveis de serotonina estavam baixos, observaram os pesquisadores.
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As descobertas podem ser aplicadas a uma variedade de transtornos psiquiátricos em que a violência é um problema comum, tais como o transtorno explosivo intermitente, que é caracterizado por explosões de extrema e incontrolável de violência, sugeriram os autores.
“Estamos esperançosos de que nossa pesquisa possa levar a melhores diagnósticos, bem como melhores tratamentos para estas e outras condições”, disse Luca Passamonti, que atuou na pesquisa como cientista visitante da Unidade de Cognição e Ciências do Cérebro, do Conselho Nacional de Pesquisas Médicas de Cambridge.
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