Gostei dessa frase que li, em algum lugar: orar pode ser assustador. Realmente, não temos ideia do que Deus pode operar em nossa vida quando nos colocamos de joelhos diante dEle e abrimos inteiramente o coração. Ele fará milagres extraordinários! Inimagináveis.
Tudo isso pode assustar. É mais fácil viver a vida cristã de forma superficial, tentando acalmar nossa consciência com uma fé vacilante ou oportunista. Só oramos “prá valer” quando a situação aperta. E Deus é procurado como um médico de plantão ou um comprimido para diminuir a dor, estrategicamente guardado em uma “farmacinha”, em casa…
É assustador colocar o pé na água antes do mar abrir. É assustador derramar nas botijas vazias o pouco de azeite que ainda resta. É assustador oferecer o único que resta para matar a fome ao estrangeiro que pede.
É assustador comprar sem dinheiro. Em 1986 eu vivi uma de tantas significativas experiências. O sonho da época era comprar um tape deck. Isso mesmo, um gravador profissional de fitas cassete, equipamento indispensável para o estúdio de produção de rádio que havíamos montado. Só havia o sonho e nenhum dinheiro em meio à complexa situação econômica do país, na época da moeda chamada Cruzado. Eu fui até a maior cidade da região, Três Passos, onde sabia que vendiam o equipamento. Foi um longo namoro na vitrine, entre uma e outra oração telegráfica, até criar coragem para entrar e perguntar o preço: Cz$ 5.251,65.
Eu mal tinha o dinheiro da passagem de ônibus para retornar para casa. Procurei não pensar nisso. O dono da loja apresentou uma proposta irrecusável. Uma entrada de um mil cruzados e cinco parcelas de Cz$ 850,33. Eu não racionalizei que estava sendo difícil demais pagar trezentos cruzados mensais para manter no ar o programa radiofônico “A Voz da Mocidade”. A fé, quase juvenil, faz proezas que a razão humana não recomenda.
O dono da loja aceitou um cheque de entrada de 1 mil cruzados para vinte dias. Dez dias depois já venceria a primeira parcela de oitocentos e cinquenta reais. E, para fechar o orçamento, mais os trezentos reais da mensalidade na rádio.
A entrada, os primeiros quatro meses e as mensalidades da rádio foram todas quitadas religiosamente. Milagrosamente os recursos haviam chegado até então. No sábado anterior ao vencimento da última parcela eu estava em uma pequena igreja, em Frederico Westphalen, RS. Contei aos irmãos esse relato e garanti: “Na segunda-feira vamos pagar a última parcela”. Ouvi um amém entusiasmado daqueles poucos irmãos. Só que eu não disse que tínhamos apenas 350 cruzados. Faltavam 500. Após o almoço, já no carro, um garoto correu até onde estava e disse: “Meu pai mandou uma oferta para o seu programa!”. Era um cheque de 500 cruzados!
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