Apenas serviços de emergência e urgência serão mantidos; médicos querem protestar contra degradação de condições de trabalho e vinda de médicos estrangeiros ao Brasil
Os médicos brasileiros prometem fazer uma grande mobilização no dia 3 de julho, a partir das 10 horas e em todas as regiões do País. De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Gilberto Ferreira, os serviços de urgência e emergência serão mantidos, mas exames e consultas agendadas serão suspensos. "Vamos para a rua mostrar para a população o caos do sistema de saúde", disse.
Embora as associações médicas afirmem que a paralisação tem o objetivo de mostrar a degradação das condições de trabalho, a motivação está ligada ao anúncio do Ministério da Saúde de trazer médicos estrangeiros para o Brasil. "Depois da infelicidade do anúncio de trazer médicos aos milhares como se fossem commodities não podemos ficar parados", disse.
Roberto D'Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina, afirma que a vinda de médicos estrangeiros não vai solucionar o problema da saúde. "Ficamos ofendidos porque a incompetência administrativa do governo está sendo maquiada, mascarada pela utilização de um critério que não tem valor que e o número de médicos", disse.
D'Ávila afirma que cidades onde há mais de dois médicos por habitante, como Vitória e Rio de Janeiro, não têm sistemas de saúde exemplares por exemplo. "Falta um atendimento decente porque falta leito, equipamento, esparadrapo, falta tudo", disse.
Durante coletiva de imprensa na sede da Associação Médica Brasileira, em São Paulo, as entidades médicas do País criticaram o modo como o governo está gerindo a saúde. "Identificamos vários grandes problemas na gestão da saúde, principalmente o subfinanciamento. Precisamos que o Alexandre Padilha (inistro da saúde) diga para a população porque deixou de usar 17 bilhões de reais no ano passado, o que representa 20% dos recursos", disse o presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso.
Gilberto Ferreira também criticou o ministro e o plano de trazer médicos cubanos. "Padilha disse que vai usar 1,5 bilhão de reais para reformar as unidades para os médicos estrangeiros trabalharem. Isto e um absurdo. Porque não é feito isso para os médicos brasileiros?", perguntou.
Ferreira afirma ainda que caso os médicos estrangeiros venham trabalhar no Brasil sem revalidar seus diplomas, as entidades irão recorrer à Organização Internacional do Trabalho (OIT) . "Se vierem sem o diploma revalidado e correndo o risco de serem repatriados, caso não sigam a conduta determinada por Cuba, isto significa em mais de 100 anos a ressurreição da escravidão no Brasil", disse.
Sobram vagas
Os médicos reconheceram que estão mal distribuídos no País, mas que embora haja oferta não preenchida em hospitais e postos no interior, falta condições de trabalho. "Temos vários concursos que não são preenchidos, assim como tem concurso que o salário é de mil reais, 900 reais. Imaginem um médico bem formado trabalhar 20 horas por 1.500 reais?", questionou Cardoso.
Sobre as vagas que oferecem salários de 10 mil reais, Roberto D'Ávila afirma que elas estão na maior parte dos casos ligadas a motivos eleitoreiros. "Sabemos que nestes casos o médico recebe o primeiro mês, o segundo e depois o prefeito diz que não pode pagar mais. Nestes casos, o médico é submetido a trabalhar em época eleitoral na media de 100 ou 150 atendimentos por dia", disse.
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