Na maturidade, além da companhia para desfrutar bons momentos, relação deve preservar a individualidade. É o caso de Xuxa e Junno Andrade -- e de outros famosos e anônimos
Quatro anos após o fim de uma união de quase 25 anos, a ex-modelo Luiza Brunet vive um romance “freshzinho”, como ela mesma definiu, com o empresário Lírio Parisotto. Por ter se casado muito jovem – pela primeira vez aos 16 e, pela segunda, aos 22 – ela não aproveitou a fase de flerte da juventude. Agora, curte o relacionamento sem pensar no futuro. “ [Aos 50] Você fica muito mais esperta, mais ousada, mais exigente. Mas não fica na expectativa do que vai acontecer: ‘ai, eu vou me casar’ ou vou fazer isso e aquilo. Você vive o momento feliz e está ótimo”, conta Luiza.
Com a carreira profissional já consolidada e os filhos criados, os “cinquentões” buscam companhia para dividir as conquistas e desfrutar das coisas boas da vida. “É natural do ser humano o anseio pelo envolvimento, a procura por alguém para ‘se completar’”, diz a psicoterapeuta Cássia Franco, especialista em casal, família e sexualidade humana. Ela alerta, porém, que o importante é não ficar esperando que alguém venha para preencher aquilo que falta, mas sim que a pessoa se sinta completa antes de se relacionar com o outro.
De acordo com a psicoterapeuta Marina Vasconcellos, especialista em casal e família, um relacionamento na maturidade pode vir rodeado de elementos positivos. “Voltar à ativa” traz energia nova, mexe com a libido, melhora os cuidados com a saúde e com a aparência e, ainda, incentiva na busca de sonhos e objetivos. “As pessoas percebem que ainda têm muito ‘chão’ pela frente, começam a olhar mais para si mesmas e a fazer as coisas de maneira mais ativa”, explica a profissional.
Foi assim com a psicóloga Elisabete de Favero. Aos 59 anos, ela está de casamento marcado depois de dois anos de namoro. Separada há mais de 20 anos, com dois filhos adultos, ela passou a juventude focada no trabalho e no cuidado com os filhos. Somente na fase da maturidade começou a prestar mais atenção em si mesma e buscar um relacionamento mais sério. “É um namoro mais maduro, menos impulsivo e com muita liberdade, sem pressão. Eu tenho o direito de fazer o que eu quero, de trabalhar, de fazer meus cursos”, conta.
A individualidade tão prezada por Elisabete vai continuar até mesmo depois do casamento. Para manter a liberdade, o casal decidiu viver em casas separadas. “Para nós, o que mantém um relacionamento aceso é a saudade, é o querer ficar junto. Achamos que morar juntos tiraria esse encanto da relação”.
Espaço demarcado
Preservar a própria independência é uma das características mais marcantes em um relacionamento após os 50 anos, segundo explica a psicoterapeuta Marina Vasconcellos. “Nesta fase, cada um tem seus hábitos e manias, e entrar uma pessoa nova na casa mudaria toda a dinâmica familiar”, afirma.
Foi exatamente por não querer abrir mão de sua autonomia que a gerente financeira Elisa Maria Azevedo, de 50 anos, nunca pensou em casamento, apesar de sempre ter tido relacionamentos longos. Junto com o atual namorado há nove anos, ela buscava alguém para dividir os momentos bons e ruins, mas sem ter que dar satisfações de todos os passos que dá. “É bom ter alguém para contar a qualquer momento, mas também quero manter o meu espaço, ter um tempo só para mim”, conta.
Nem por isso o clima do namoro é menos romântico: eles viajam, passeiam, saem para jantar, vão ao cinema. “Estamos sempre cheio de dengos e carinho. Por isso, o sexo acaba acontecendo naturalmente, sem cobranças ou pressão. Quando a gente amadurece, dá importância para outras coisas também, além das questões de pele”, diz Elisa Maria.
Para a psicoterapeuta Cássia Franco, a sexualidade após os 50 anos pode, sim, ser vivida plenamente, e ainda trazer algumas vantagens. “A pessoa já amadureceu, já sabe o que gosta e o que não gosta, o que é excitante”, finaliza.
(Colaborou: Ligia Helena)
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