domingo, 30 de junho de 2013

EXCURSÃO A RAPOSO (37 fotos)
MUITO BOM!!!!!




Luta contra o envelhecimento começa bem mais cedo

Medicina estética e hábitos de vida mais saudáveis permitem que mulheres adiem a chegada dos sinais da velhice

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"A gente percebe que na cultura atual o binômio que define beleza é juventude e magreza”, afirma pesquisadora
Para as mulheres, a vida pode começar (de novo) aos 50. A medicina estética e hábitos mais saudáveis permitem que elas entrem na terceira idade longe de doenças incapacitantes e mais distantes ainda da imagem de vovozinha, às voltas com os netos, cabelos brancos, bolos no forno e agulhas de tricô. O contraponto é que a luta contra os sinais do tempo começam cada vez mais cedo. “A ideia de envelhecer bem é adiar ao máximo esse envelhecimento. , afirma a pesquisadora Joana de Vilhena Novaes, que estuda as doenças da beleza.
s novas tecnologias aliadas à medicina estética levam a resultados impensáveis. Quem imaginaria nas gerações anteriores uma diva com a beleza e vitalidade de Madonna pulando e cantando num palco, na casa dos 50 anos? “Hoje as mulheres de 50 parecem ter 40, 30 anos. É o resultado da cosmetologia moderna, com o ideal estético de um corpo liso, sem pelos, sem rugas, sem celulite, manchas, ou seja, sem nenhum sinal de envelhecimento”, afirma Joana. “Existe uma obsessão por superfícies lisas.”
Em paz com a idade 
Essa idolatria da juventude traz problemas quando os recursos e tempo investidos para esse fim são superdimensionados. “De um lado, a infância está erotizada. Meninas desde cedo ingressam no ritual de beleza, que estavam no âmbito da brincadeira e viraram parte do consumo. Por outro, no quesito vestuário, os manequins diminuem acintosamente e a moda se torna muito jovem, decotada, curta, feita para lolitas”, diz a pesquisadora.

De quebra, com a possibilidade de controlar o momento da maternidade, a imagem da mulher se dissocia da de mãe. “Isso altera a relação com o envelhecimento. Ser mãe não justifica mais a aceitação do envelhecimento, já que as marcas podem ser apagadas”, afirma. Joana cita o exemplo da gravidez das celebridades, que voltam a exibir um corpo malhado e em forma pouquíssimo tempo após o parto.
O desafio é estabelecer uma relação em paz com o envelhecimento, que permita desfrutar melhor cada década sem autotortura desde cedo. “A sociedade é muito mais condescendente com a feiúra e o desleixo masculino”, afirma Joana. “A mulher desleixada é vista como alguém que tem um problema de caráter, considerada menos mulher. Homem é avaliado sob outras insígnias, como poder e sucesso profissional.” A pesquisadora comemora o fato de que, por outro lado, a mulher não passa mais por uma morte simbólica para a sociedade ao ser mãe, como se já tivesse cumprido sua função. “Tem coisas positivas no culto ao corpo, como essa grande autoestima. Cada momento histórico tem seu paradigma social: o nosso é esse.”
 

Sexo na terceira idade: é possível e elas fazem!

Mulheres mantêm vida sexual ativa mesmo após os 60 ano


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Edu Cesar/Fotoarena
Dona Nadyr relata sua experiência de amor e sexo em seus poemas
Dona Nadyr Lucas entra na sala apoiada na bengala e carregando uma seleção de poemas recém impressos. Todos assinados por ela. Os textos falam de amor e relacionamento, incluindo trechos picantes: “Chega o alvorecer, que a tudo desperta. Junto à morna maciez do corpo que me roça”.
Aos 79 anos, Nadyr não só escreve sobre prazer, como ainda mantém uma vida sexual ativa. “Cada tempo tem seus encantos, o interesse é sempre o mesmo”, diz. Casada há 54 anos, mãe de quatro filhos e avó de 11 netos, ela diz com naturalidade e franqueza que não deixou de transar com o marido: “O sexo se tornou um tabu, mas é a essência da vida. A gente se sente feliz e faz o outro feliz”, diz.
Mas o sexo na terceira idade não é unanimidade. De acordo com a psicoterapeuta Ana Carolina Oliveira Costa, muitas mulheres com mais de 60 anos costumam deixar de lado a sexualidade. Entre as principais queixas estão a falta de desejo e de lubrificação, o excesso de peso e as alterações de humor. “Para mim não mudou. Não sei se para todo mundo é assim, mas eu estou feliz no estágio em que estou”, diz Nadyr. Para ela, o tempo não alterou a rotina na cama: “Não afetou em nada, pelo contrário”, diz. “A intimidade aumenta e a gente se sente um pedaço do outro, sabe do que cada um gosta”.
Segundo estimativa da especialista Ana Carolina, cerca de 50% das mulheres que estão em um relacionamento nessa fase da vida mantêm relações sexuais. Mas isso também não quer dizer que elas estão satisfeitas. “Muitas fazem somente para agradar o parceiro, não têm prazer”.
Redescobrindo o prazer 
Zilda de Souza Pereira diz que só descobriu o sexo depois do 60 anos, com três filhos crescidos, aposentada e com cabelos grisalhos. Isso porque, 46 anos antes, quando “deitou” com o primeiro homem de sua vida, ela nem imaginava o que era um orgasmo. Agora ficou craque em prazer. Depois de enviuvar, passou a frequentar bailes para driblar a saudade. Descobriu entre um bolero e outro que era bonita, olhada e admirada. Paquerou muito, beijou na boca e hoje namora há oito anos.

Eduardo Iezzi/Fotoarena
Zilda namora há oito anos e diz que o sexo só melhorou depois dos 60
Muitos idosos, explica a psicoterapeuta Ana Carolina, dizem que se imaginavam aos 80 anos somente fazendo atividades como tricô e cuidando dos netos. “O que eu tenho visto no consultório é que a sexualidade pode ser mais livre e mais ampla se pessoa souber refazer as crenças que trouxe ao longo da vida. Isso envolve o desejo pela vida”. 

Na nova relação, Zilda, de agora em diante, só espera o melhor. “O sexo é maravilhoso hoje em dia, só melhora. Tenho 69 anos, meu namorado 76 e somos muito felizes. Acho que a relação sexual fica melhor porque a gente perde os medos, não tem receio de ficar grávida e quer aproveitar todos os momentos da vida. Não sabemos se vamos viver muito tempo, então temos que curtir a cama”, diz ela.

Mulher e mais feliz que homem na velhice, afirma estudo

As mulheres envelhecem melhor do que os homens e, em geral, apos os 55 anos s?o muito mais felizes em relac?o a propria vida do que os homens da mesma idade, segundo uma pesquisa realizada na Gr?-Bretanha com 9.771 pessoas de ambos os sexos

N?o existe uma explicac?o cientifica do motivo, mas acredita-se que algumas mulheres enfrentam a terceira idade com mais satisfac?o por n?o terem mais que cuidar dos filhos, enquanto os homens tem dificuldade para encontrar um novo equilibrio depois da aposentadoria.
As mais felizes seriam supostamente as mulheres casadas, que inclusive teriam melhores condic?es de saude do que a media. "As mulheres s?o quem mantem uma maior qualidade de vida, enquanto seus maridos ou parceiros s?o muito menos felizes", afirma o estudo coordenado por Sir Micahel Marmot, chefe do departamento de Epidemiologia e Saude Publica da universidade UCL de Londres.
Do estudo emerge que os homens mais felizes com a propria vida s?o aqueles casados, seguidos dos solteir?es, enquanto divorciados, separados e viuvos vivem pior. Apesar das dificuldades psicologicas iniciais, a aposentadoria representa, seja para os homens como para as mulheres, "uma significativa melhora na qualidade de vida".
A pesquisa tambem confirma que o dinheiro n?o traz felicidade, mas sem duvida ajuda. N?o e positivo passar a velhice com constantes restric?es economicas, pois os mais pobres ficam doentes com maior frequencia e tem um indice de mortalidade dobrado em relac?o as pessoas mais ricas da mesma idade.

Cinco fatores que melhoram na vida da mulher ao envelhecer

Boa notícia: a mulher madura tem muito mais chances de ser feliz e realizada

Divulgação/ TV Globo
Aos 82 anos, Fernanda Montenegro é um símbolo de uma vida cheia de realizações em todas as suas fases
Talvez o mais difícil seja superar a fase de negação. Mas o processo de amadurecimento traz vantagens inegáveis para a mulher que se prepara para ele. Especialistas são unânimes em afirmar que, embora haja perdas, uma atitude positiva é capaz de levar a mulher a uma fase rica de experiências novas e qualidade de vida.
O segredo é se preparar para essa fase. O corpo se transforma, sobretudo a partir do climatério, fase de transição para a menopausa, quando efetivamente se encerra a capacidade reprodutiva da mulher. “Do ponto de vista de saúde existe um risco maior de osteoporose, doenças cardíacas, hipertensão arterial e demência”, alerta o ginecologista Luciano de Melo Pompei. Em contrapartida, miomas e endometriose desaparecem ou passam a incomodar menos. “A mulher que se prepara melhor sabe que a menopausa não significa que ela está velha. Hoje mais de um terço da vida se dá pós-menopausa, são décadas”, afirma Luciano.
Veja cinco pontos em que o amadurecimento pode favorecer a mulher:
1. Solução para os desconfortos 
Ela pode lançar mão de recursos que minimizam ou eliminam a grande maioria dos sintomas da menopausa e pode, também, dar adeus às mazelas femininas típicas da fase anterior, como TPM, por exemplo. 

Para Pompei, novas terapias e tecnologias, como a reposição hormonal, não apenas melhoram a qualidade de vida, mas representam uma possibilidade real de controlar a maior parte dos desconfortos associados a essa fase da vida. “É possível diminuir ou eliminar esses sintomas da menopausa”, reforça. “Sabemos prevenir e tratar as doenças da velhice.” O resultado é uma geração de mais de 60 anos ativa, produtiva profissionalmente, com forte envolvimento em atividades sociais, culturais e familiares. “Na média, as que enfrentam melhor o envelhecimento também praticam mais atividades físicas e tomam cuidado para não ganhar peso em excesso”, afirma o ginecologista. 

2. Foco na própria vida 

Com a família criada e sem filhos demandando atenção constante, essa é a fase em que a mulher pode experimentar uma nova liberdade em relação ao tempo. “Ela foca seu desejo, prazeres e decisões nela mesma e não nos desejos e vontades de outros. A mulher passa a ter como centro o que realmente deseja para ela, e não o que os outros pensam”, afirma a antropóloga Miriam Goldenberg, que acaba de lançar o livro “Corpo, envelhecimento e felicidade”, em que discute sua tese de que a vida a partir dos 50 anos é a melhor fase da vida da mulher. 

Para a gerontóloga Célia Caldas, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e vice-diretora da Universidade Aberta da Terceira Idade, os ganhos com a chegada da menopausa superam as perdas associadas. “Não ter mais a função biológica da reprodução é uma libertação social. A mulher pode focar sua energia criadora para outras coisas, como a transcendência”, afirma. “Há uma linha de estudiosos que afirma que esse é o momento em que a mulher consegue realmente exercitar seu poder, pela sua sabedoria, experiência de vida e autorrealização.”

Manuela Scarpa/Foto Rio News
Jane Fonda em evento realizado esta semana no Brasil: atriz falou sobre o "terceiro ato" da vida
3. Corpo em paz
As tensões da guerra que as mulheres travam com o próprio corpo se atenuam com os anos. A importância da batalha contra as primeiras rugas, o abdômen que parece acumular todas as sobremesas a mais ou os fios brancos é relativizada. “O corpo se torna muito mais um objeto de prazer, cuidado, bem estar e qualidade de vida do que um laboratório de experimentos em busca da juventude eterna, da magreza e da perfeição”, afirma Mirian.
Célia lembra que questões totalmente centradas no físico vão parecer perdas. “Mas isso depende também dos objetivos existenciais de cada uma. O projeto de vida de ser gostosa, bonita e seduzir é inviável na velhice. Aí não há ganho que suplante essa perda”, alerta. “Por outro lado, se você conhecer bem seu corpo e souber utilizar seus recursos, a vida sexual, embora menos intensa, é igualmente prazerosa”, afirma.
4. Hora de se divertir 
Nessa fase da vida, as relações sociais e a importância de ter tempo de boa qualidade emerge com força total. “Muitas mulheres redescobrem como brincar e se divertir mais, se levar menos a sério. Aprendem a dar mais risada e ter mais diversão na vida”, afirma Miriam, que lançou o movimento das “Coroas Poderosas”, com propostas libertadoras, sobretudo com relação ao corpo. “É uma fase em que, se tiver saúde e algum dinheiro, ela pode se divertir e brincar muito mais”, afirma a antropóloga.

Amigos se tornam cada vez mais importantes. “Nessa idade, a pessoa dá muito mais valor aos amigos do que pessoas mais jovens. Ela tem mais tempo disponível para cultivar as amizades e são amizades maravilhosas. As pessoas se divertem, cada almoço e festa é um acontecimento”, afirma Célia. “Os aprendizados são muito valorizados também. A aluna dessa idade assimila conteúdos e consegue aplicar imediatamente, coisa que o jovem tem mais dificuldade de fazer”, acredita. 

5. Transcendência

Nessa fase, é possível haver uma mudança de valores que foca muito mais em ganhos subjetivos. A experiência e vivência permitem que a mulher que exercita uma perspectiva otimista do amadurecimento colha os frutos da própria vida. “Aquelas que olham para detalhes como a celulite, a barriga flácida e o peito caído, sofrem com o processo de envelhecimento. Mas quem olha o todo e enxerga ganhos em termos de segurança, confiança e repertório se sente muito satisfeita com o envelhecimento”, afirma Mirian.
“Para muitas mulheres, é a melhor fase da vida”, conclui. Contudo, Célia alerta: nem todas vão conseguir fazer esse movimento de transcender limites e usufruir dessa nova etapa da vida. “Pessimistas não transcendem. Apenas quem está de bem com a vida e tem flexibilidade suficiente consegue tolerar situações difíceis ou desafios e extrair delas o melhor partido”, afirma.
Ela lembra também que, a partir da aposentadoria, a mulher pode se dedicar a atividades criativas sem necessidade de atender a demandas do mercado. “Na escala de valores da nossa sociedade, o maior valor é o trabalho e o dinheiro”, afirma. A mulher aposentada pode considerar essa parte da dívida social cumprida e aproveitar a oportunidade que se abre de realocar esses objetivos, valorizando atividades criativas, buscando fazer o que lhe dá prazer, mergulhando na busca do conhecimento ou oferecendo sua sabedoria para ajudar os outros – viver o que for valioso para ela. 

Casamento não é comercial de margarina

Quer ter um relacionamento feliz? Então pare de perseguir um modelo ideal

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Ficar apegado a um ideal de vida a dois tende a deixar os casais mais frustrados do que satisfeitos
A família unida tomando café da manhã em dia de sol é o ícone da felicidade conjugal. Assim como casais de Hollywood ou pares românticos de filmes, a cena da propaganda de margarina é a referência de relacionamento no imaginário de mulheres e homens. Mas ficar apegado a um ideal de vida a dois tende a deixar os casais mais frustrados do que satisfeitos com o casamento ou namoro.
A felicidade no dia a dia pode não ser intensa e perfeita, mas isso não quer dizer que o relacionamento está em crise. Simplesmente mostra que o casamento é humano e normal. “Não dá para querer ser como a amiga ou como na novela porque às vezes isso não coincide com a sua realidade, com os projetos que consegue ou não desenvolver”, avalia a psicóloga Vânia Di Yorio. Ou seja, aquela declaração de amor perfeitamente detalhada nos seus sonhos pode nunca acontecer. O que não significa que seu parceiro não te ama e não diga isso de outra maneira.
Arquivo pessoal
Fausto e Nayra: "No namoro a realidade parcial é feliz"
Depois de namorar por quatro anos, Fausto Inomata e Nayra Michi foram morar juntos. O primeiro jantar romântico no novo apartamento foi uma lasanha congelada e refrigerante. “Nunca tivemos a expectativa de ser um casal de comercial de margarina”, conta Fausto, arquiteto de 29 anos. O desafio da relação se tornou a convivência, que se limitava aos finais de semana. “No namoro a realidade parcial é feliz. Antes a gente só se via em dias alegres, agora tem que lidar com o mau humor do outro também”, diz ele.
“Comercial de margarina foi só na festa do casamento mesmo. No namoro tudo era muito mais fácil: saíamos, viajávamos e depois ia cada um pra sua casa. Mas juntos todo dia a gente aprende a conviver com as situações difíceis também”, diz a arquiteta Daniella Abolin, casada há sete anos. Ela namorou o marido Wladimir Souto, analista de sistemas, por dez anos antes de formalizarem a relação e acha importante ter expectativas realistas para manter a relação. “Casamento também é feijão com arroz. Amar não é só jantar fora, transar todo dia, ir ao cinema. É a rotina do dia a dia”, diz o psicólogo Silmar Coelho, especialista em relacionamentos.
Dosando expectativas 
Dificilmente alguém entra em um relacionamento sem um modelo. Alguma expectativa ou fantasia todo mundo tem. O importante é que esse ideal possa ser revisto e adaptado para a realidade do casal, diz Vânia. “A perfeição não existe em nenhum relacionamento. A família perfeita é a que sabe trabalhar os problemas”, aponta Silmar.

Arquivo pessoal
“Comercial de margarina foi só na festa do casamento mesmo", diz Daniella Abolin, casada há sete anos com Wladimir Souto
O ideal de relacionamento de cada um tem origem na família. As pessoas imaginam ter uma vida conjugal igual ou diferente dos pais, de acordo com a impressão que tiverem desse modelo inicial. “Além disso há os valores sociais, religião e cultura que trazem elementos para esse casal imaginário que quem bota a prova são pessoas reais”, diz Vânia. Segundo ela, a satisfação na relação depende de como as pessoas aprenderam a equilibrar expectativas e sentimentos.
Eles são mais felizes que nós 
Olhar a grama do vizinho ou um casal da TV pode não ser a melhor opção para medir o sucesso do relacionamento. “O marido da outra é perfeito porque não vive com você”, diz Silmar.

“Todo mundo é feliz publicamente”, diz Fausto. Mas na intimidade cada casal tem seus ajustes a fazer, e a tolerância é imprescindível para uma relação duradoura. O importante é incluir na vida conjugal recursos para lidar com os momentos difíceis, porque a vida em conjunto tem frustrações. “Somos compreensivos, aturamos. O amor não é cego. Ele vê tudo, trabalha tudo, entende tudo”, defende Silmar.

Perceber que nem tudo acontece de acordo com o nosso desejo, aponta Vânia, é sinal de amadurecimento da relação, e não de seu fracasso.

O amor está mudando

Para a psicanalista Regina Navarro Lins, a sexualidade e a forma do brasileiro se relacionar estão passando por uma transformação: é o fim do amor romântico

Um dilema entre os desejos de estar sempre junto e de liberdade. É o que vivemos nos relacionamentos amorosos atuais, segundo a psicanalista Regina Navarro Lins. Para ela, as pessoas enfrentam cada vez mais conflitos entre as exigências de um namoro ou casamento – como monogamia e controle - e seus os desejos individuais. Ainda de acordo com a especialista em relacionamentos com quase 40 anos de experiência, a tendência é de que os envolvimentos fiquem diferentes no futuro próximo, com cada vez menos fusão do casal, exclusividade sexual e ciúmes.
Esse cenário do comportamento amoroso e sexual dos brasileiros é apresentado no livro “ Cama na Rede - o que os brasileiros pensam sobre amor e sexo ” (Editora BestSeller), que chega às livrarias em dezembro. Nele, Regina comenta o resultado de 50 enquetes sobre o tema feitas com leitores de seu site entre 2000 e 2009.
Celso Pupo/Fotoarena
Regina Navarro Lins: "Sexo é sexo e amor é amor"
Colunista do Delas, Regina Navarro Lins fala ao site sobre a nova forma de amar:
 A pesquisa apresentada no livro aponta quais grandes alterações no comportamentosexual e de relacionamento dos brasileiros? 

Regina Navarro Lins: O amor romântico começa a sair de cena, felizmente. Ele é calcado na idealização do outro, na ideia de que os parceiros se completam, de que quem ama não sente desejo por mais ninguém. Hoje vivemos um momento de busca da individualidade, que não é egoísmo, e sim poder realizar desejos e projetos sem depender do outro. Antes a ordem do amor era fazer sacrifícios - e era a mulher quem fazia. Hoje a pessoa pode não estar a fim de permanecer na relação se ela não trouxer um crescimento individual. Claro que cada um escolher como viver, mas acho que a maioria não vai mais querer se fechar na relação a dois. O amor romântico de ficar grudado parece bom, mas a maioria vive mal e o sexo no casamento é uma tragédia, né? 

 Então o amor sem a ideia de complementaridade muda o casamento como conhecemos? 

Regina Navarro Lins: O casamento pode ser ótimo, mas para isso é necessário que as pessoas reformulem as suas expectativas a respeito da vida a dois. Se vocês acham que se completam, que nada mais no mundo interessa e só o outro te satisfaz, o casamento não vai funcionar bem porque não é real. 

 Então ficar muito junto ou muito seguro é o que esfria o sexo no casamento? E há como resgatar a química na relação? 

Regina Navarro Lins: É a excessiva intimidade, familiaridade. Mas o grande vilão do tesão no casamento é a exigência de exclusividade. O casamento vira uma dependência emocional entre pessoas. Se você sabe que seu marido não sai do seu pé, não larga de você, ele vira um irmão e não tem mais estímulo para desejar. O mínimo de insegurança é necessário para que o tesão continue. Tenho consultório há 37 anos e nunca vi um casamento com controle no qual as pessoas realmente estejam bem. 

 Muita gente afirma que o ciúme faz parte do amor, 44% das pessoas na pesquisa concordam com isso. Essa é uma insegurança positiva ou negativa na relação? 

Regina Navarro Lins: É maléfico. Desde que nascemos aprendemos que quem ama tem ciúme. Já cansei de ver gente que se preocupa quando o parceiro não sente ciúmes. É um cacoete, um hábito que as pessoas precisam largar, porque é muito limitador pra quem é alvo e pra quem sente. 

 Então as relações extraconjugais podem ser aceitas em um relacionamento? Mas as pessoas não se sentem desrespeitadas ou magoadas quando isso acontece? 

Regina Navarro Lins: A exigência de transar só com uma pessoa é difícil de cumprir. Temos muitos estímulos. Só que não transam com outros para não magoar, dentro de uma mentalidade moralista. É óbvio é que as relações extraconjugais acontecem em maioria porque variar é bom, todo mundo gosta.

Mas as pessoas dizem que isso acontece porque a pessoa não ama a outra. E daí vem o sofrimento atroz. Se você é amada ou desejada, o que o outro faz quando não está com você não interessa. Acho importante refletir sobre essa questão. As mentalidades têm que mudar e as pessoas precisam entender que fidelidade não é importante para ser amado, para a relação dar certo. Quem ama pode transar com outras pessoas. É uma ficção achar que as pessoas vão estar muito satisfeitas transando com a mesma pessoa por 30 anos. Quem quer comer a mesma comida, usar a mesma roupa todo dia?

 Em uma das perguntas apresentadas no livro, mais de 70% das pessoas dizem que sexo sem amor pode ser ótimo. A limitação para fazer sexo sem estar em um relacionamento parece ser mais moral, portanto, já que o desejo existe para a maioria? 

Regina Navarro Lins: Criou-se uma ideia para as mulheres que sexo tem que estar ligado ao amor. Para homens nunca disseram isso. Podemos ter sexo ótimo amando ou com alguém que acabamos de conhecer. 


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A cama na rede - O que os brasileiros pensam sobre amor e sexo 434 páginas R$ 39,90 Editora BestSeller Editora BestSeller
 Mas a mulher com essa postura mais aberta de relacionamento não afasta os homens? Porque segundo o seu levantamento, 68% das pessoas dizem que eles se assustam quando elas são experientes. 

Regina Navarro Lins: Sim, eles ficam temerosos. Homem não se assusta com a mulher independente financeiramente, com sucesso profissional. Ele se assusta com a mulher autônoma, liberta dos padrões de comportamento. É a mulher experiente, que não está mais presa naqueles estereótipos definidos de ser frágil, não fazer sexo no primeiro encontro.

 E de maneira geral a sociedade está preparada para essas mudanças, para abrir mão da exclusividade sexual com o parceiro e investir na individualidade?
Regina Navarro Lins: A sociedade não estava preparada para o divorcio na década de 50 e olha como está agora. Os casais caretas sempre existiram e fazem parte de uma minoria.

As sete mudanças do namoro para o casamento

Quais situações ficam diferentes depois do “sim” e deixam os casados nostálgicos

Eliane Rodrigues e Daniel Gonçalves, de 28 anos, estão comemorando: eles acabam de comprar um apartamento e vão se casar. Com a união os dois desejam, entre outras coisas, passar mais tempo juntos. Já a publicitária Júlia Gil tem 27 anos, é casada há seis e admite sentir falta de um espaço só para ela. “O conceito de individualidade muda depois de casar”, diz. 

Se a grama do vizinho é sempre mais verde, é inevitável que existam casados e solteiros desejando os benefícios do outro lado da moeda. Mas quais serão as principais mudanças que deixam os casados pensando no passado? Com a ajuda de especialistas e casais, o Delas destaca sete armadilhas e situações do casamento que podem desanimar até os mais apaixonados.

1 – Falta de cuidados com o corpo 
Ela não usa maquiagem, ele criou barriga e não corta as unhas do pé. São essas e outras reclamações que chegam ao consultório da psicóloga e terapeuta de casais Marina Vasconcellos.
Segundo a especialista, homens e mulheres tendem a não se preocupar mais tanto com a aparência após o casamento. Depois de um ano de casado, o publicitário Luis Gustavo Chapchap, de 27 anos, dizia para a mulher que não precisava ser tão vaidoso porque já estava “garantido”. Sim, ela ficava brava.

“É esperado que os namorados se arrumem para encontrar o outro. Usam perfume e colocam uma boa roupa. Isso é um ritual, faz parte da sedução”, diz a psicóloga. A dica é continuar caprichando para agradar o parceiro - ou aquele homem tão bem vestido que o que te levava para jantar pode fica irreconhecível.
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Mudanças na rotina sexual e no corpo estão entre os divisores de águas entre o namoro e o casamento
2 – Saudade de sentir saudade 
Namorados não se encontram todos os dias e noites. Há espaço para sentir falta do outro, ter saudade. Depois do casamento o clima muda, assim como as expectativas. “Eu gostava muito dos encontros quase secretos”, relata Izabel Correia, de 47 anos, sobre os tempos do namoro escondido. 

Ela é casada há 27 anos e oficializou a união para viver seu romance com liberdade. Hoje admite que sente falta da animação do namoro. “Era emocionante estar com ele, principalmente porque era sempre por pouco tempo, como se fossemos amantes”, diz. Segundo Marina Vasconcellos, ver o parceiro todos os dias tira um pouco da ansiedade dos encontros – e esse baque é mais sentido em alguns casais.

3 – Overdose de companhia 
Além de sentir menos saudade, os casados têm menos tempo para si. Júlia Gil achava legal a ideia de acordar ao lado do marido e preparar a mesa do café enquanto ele tomaria banho. Ela ainda gosta de tudo isso, mas em alguns momentos sente falta de uma cama só para ela e de um espaço para refletir.

“A companhia para compartilhar a vida é uma das coisas que mais atrai as pessoas para o casamento. A gente precisa de um outro para crescer, desenvolver, realizar”, diz o psiquiatra e terapeuta Nairo de Souza Vargas. Mas os momentos avulsos também são importantes. “Senão fica a sensação de sufoco, um enforcamento, sem individualidade”, completa Vargas.
4 – Perda da individualidade 
O sagrado futebol com os amigos foi proibido. O happy hour dela com as amigas também é sempre criticado pelo marido. De repente, as atividades que cada um tinha quando solteiro ficaram de lado para agradar o parceiro. Segundo Nairo Vargas, a queixa frequente dos homens casados é que a mulher acha ruim que ele faça coisas com outras pessoas. Já as mulheres dizem que não têm espaço para viver a vida delas. 
Um dos desafios da vida conjunta é manter a individualidade mesmo estando casados. “Os dois tem que ter tempo para fazer coisas que gostam”, explica o terapeuta. Sem isso, corre-se o risco de viver a vida só de um, se anular.

5 - Sexo fácil demais 
“O engraçado do casamento é que pode finalmente transar todos os dias, mas não transa”, brinca Raquel Pires, de 37 anos e casada há quatro.

“Nosso dia a dia é cansativo e existe o desgaste natural. Quando você está namorando, se programa para o sexo por estar junto com aquela pessoa naquele dia”, diz a psicóloga Marina. 
“A diferença para os casamentos dos dias de hoje é que o sexo começava apenas depois do casamento, ou seja, era uma grande novidade. Agora só sobra a parte ruim para depois!”, brinca Luiz Chapchap.

6 – Brigas sob o mesmo teto 
“No namoro você passa os bons momentos junto com a pessoa e quando briga cada um vai para a sua casa”, diz Júlia Gil. Mas e quando o lar é o mesmo?

Se por um lado a proximidade traz segurança, quando há uma discussão não há para onde fugir e é preciso encarar de frente o conflito. “O casamento muda a dinâmica na hora de encarar os problemas. Não dá pra ir para a casa da mãe”, fala Marina Vasconcellos.
A psicóloga alerta para a necessidade dos casais resolverem as questões pendentes rapidamente e não acumularem problemas. “Não dá para guardar por muito tempo nem jogar tudo de uma vez na cara do outro”, recomenda.
7 – Obrigações sociais 
O casamento traz mudanças drásticas no relacionamento com a família e nas obrigações sociais. Se antes você não se sentia na obrigação formal de ir na casa da mãe do namorado, agora que ele mora com você as visitas para a sogra são inevitáveis. E só a conversa ajudará a dosar o quanto isso é bom para você e o quanto isso incomoda. “O sacrifício é bom, esforço é bom, mas não posso me forçar ou me violentar se a situação me faz mal, me prejudica”, avalia o terapeuta Nairo.

O mesmo acontece com a vida social: o aniversário de um amigo, um casamento de alguém que você não conhece, jantar na casa do chefe: quando a união é oficializada fica maior a pressão para comparecer a esses eventos.

Casamento: missão impossível?

No Brasil, um em cada quatro casamentos acaba em divórcio. Mas sera que esses dados devem ser encarados com preocupação? Especialistas apontam as dificuldades que um casal encontra no dia-a-dia e como resolvê-las. Afinal, ninguem casa para se separar

Segundo a ultima pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatisticas), o numero de divorcios aumentou em 11% de 2006 para 2007 e, se considerarmos desde sua instituic?o, em 1978, o crescimento e superior a 200%. Motivo de preocupac?o? Pode ser. Segundo o psiquiatra Dr. Eduardo Ferreira-Santos, autor dos livros Casamento: Miss?o Quase Impossivel e Ciume: o Medo da Perda (ambos publicados pela Editora Claridade), e cada vez mais raro encontrar casamentos que duram muitos anos. Hoje em dia deposita-se muita expectativa nesta uni?o. Manter uma vida propria sem acreditar que o outro seja a salvac?o e o primeiro grande passo de uma longa estrada, enfatiza.
Dois fatores importantes contribuem (e muito) para que as separac?es judiciais tenham alcancado quase 180 mil, em 2007. A mudanca de comportamento na sociedade brasileira, que passou a aceitar o divorcio com naturalidade, e a desburocratizac?o das separac?es consensuais, em func?o da Lei 11.441/ Janeiro de 2007, que permitiu aos conjuges dissolver o casamento por meio de escritura publica, em qualquer tabelionato do Pais.
Contudo, e impossivel negar a dificuldade que envolve o casamento. Na pratica, relacionamento nem sempre e sinonimo de comportamento amistoso. Implica em varios sentimentos que ocorrem, em maior ou menor grau para cada pessoa, e que muitas vezes n?o s?o agradaveis nem faceis de se lidar. Relacionar-se e, quase sempre, transformar-se. E isso, requer empenho, dedicac?o e vontade, considera o especialista.
Sonho x realidade
Para comecar, coloque um ponto final definitivo nos contos de fada. Em nossa cultura, a ideia do casamento esta t?o ligada a busca de um principe encantado que fica dificil dissociar uma coisa da outra, alerta o Dr. Eduardo. Na fase do enamoramento, as expectativas de nossas fantasias no parceiro se revelam ainda mais intensas. Para o especialista, a paix?o em si e, nitidamente, uma projec?o. Vivencia-la e saborear uma mudanca. Trata-se de uma abertura, um salto que pode ser tanto para o crescimento individual quanto para uma derrocada, comenta. E e ai que mora o perigo.
Quando o casal comeca a dividir o mesmo teto, os problemas fazem parte da rotina e os contratempos se revelam. O segredo esta em como os gerenciamos. E preciso compreender o parceiro como um ser humano que, portanto, tem qualidade e defeitos ? igualzinho a voce! N?o e facil deixar o corac?o sem magoas quando ele n?o atende suas expectativas. Geralmente ficamos frustradas ao perceber que a realidade e diferente do que haviamos imaginado em nossos desejos mais intimos, explica a psicologa e hipnoterapeuta Viviane Scarpelo, especialista em psicoterapia de casal e familia. Apesar de dolorosa, no inicio, esta e uma postura muito madura de encarar o relacionamento. Na hora das diferencas, n?o se permita a entrar na dinamica das acusac?es e dos julgamentos de valor. Eles n?o podem ocupar o lugar da compreens?o mutua e das trocas de amor e respeito, complementa.
Estabeleca limites
Voce ja deve ter escutado a maxima: A partir de hoje, deixo de ser eu para sermos nos. Na teoria e lindo, ate mesmo romantico, mas na pratica essa dedicac?o em tempo integral causa muitos problemas. Segundo a psicologa, e frequente encontrar casais que, inconscientemente, agem de acordo com crencas que apenas dificultam a vida a dois. Se dois corac?es se tornaram um, alguem deixou de existir, ressalta.
Ent?o, ponha o juramento em quest?o e avalie honestamente o que ele ira representar no dia-a-dia. Estabeleca o seu limite de responsabilidade, a sua linha de chegada e de partida. Reflita e seja sincera com seu parceiro. Perceba que colocar as cartas na mesa n?o e primar pelo egoismo. Para Dr. Eduardo, o individualismo tem suas bases no coletivo e na solidariedade. A quest?o aqui e que devemos cuidar para que n?o sejamos arrastados pelo ritmo do outro a ponto de abandonar nossas verdades, nossos valores e nossos projetos. Quando existe um casamento de verdade, se estabelece uma ponte entre individualidade e a comunidade, explica.
Em comum
Certamente, voce divide com ele muitas afinidades. Seja o gosto musical, a culinaria ou ate mesmo os generos de filme. O fato e que, depois do casorio, outros assuntos entrar?o em pauta: ter filhos, comprar a casa propria, mudar de cidade, entre tantos outros. Sugiro sempre um especie de contrato. Um combinado entre ambas as partes para que haja um consenso, decidido pelo casal, sugere Dr. Eduardo. Se estiver em vias de unir as escovas de dentes, seja franca com suas vontades. E o caminho certo para um casamento fincado em bases bem solidas.
Compartilhe sempre as emoc?es que te deixam feliz no dia-a-dia. Faz um bem danado, confidenciarmos o que somos e o que sentimos. Invista em dividir as alegrias, esperancas e ate mesmo a satisfac?o de um trabalho reconhecido, por exemplo. N?o se trata de se calar aos aspectos negativos, mas sim dar vida e significado as quest?es positivas. Segundo Viviane, o que se percebe no consultorio s?o pessoas que falam exaustivamente do que n?o gostam e do que n?o querem para suas vidas, apontando sempre os erros do parceiro. E como se estivessem fazendo propaganda do que n?o querem que aconteca novamente, explica. Vale lembrar que tolerancia e flexibilidade ajudam para valer nesta longa (e dificil) jornada. Afinal, construimos o que somos a cada dia.

Depois da separação: 9 etapas para retomar a vida

Os principais momentos do fim de um casamento e o que fazer para tornar o período menos doloroso

Casais se separam por diferentes motivos, mas acabam passando pelas mesmas fases emocionais após o término da relação - desde as conversas tempestuosas até a divisão de bens e a procura de um novo amor. E se o processo de ruptura costuma ser doloroso, algumas iniciativas podem ajudar na reorganização da própria vida e na conquista do equilíbrio perdido.
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A melhor medida para perceber que você virou a página é quando consegue fazer planos para o futuro e pensar em novos relacionamentos
1. Não tem mais jeito 
Constatar que a união chegou ao fim é o primeiro passo para a separação, e isso pode acontecer depois de meses de análise ou de uma forma mais dura, com brigas ou traições. “Os primeiros dias foram os piores da minha vida. Não sei como cheguei até agora, como consegui falar”, diz Débora Bortoleti, 36, separada há um mês, depois que descobriu uma traição do marido. 
Mas a angústia está presente nos dois casos. “Admitir para si mesma que o relacionamento acabou e que não deu certo é difícil, porque é um projeto de vida”, diz Eliane Santoro, autora do livro “Divórcio para elas”, no qual conta a trajetória de dez mulheres e suas separações.
“Pensei um ano antes de tomar a decisão. Foi a parte mais difícil”, diz a advogada Flávia Penido, 41, divorciada há 10 anos. Segundo o psicólogo Ailton Amélio da Silva, quem toma a iniciativa, em geral, já esta em vantagem porque escolheu o momento para fazer a ruptura. Obviamente, isso não se aplica aos casos de traição, pois o parceiro traído é empurrado para uma escolha óbviamente difícil.
2. Palavras duras 
As conversas entre o casal que está se separando costumam ter lavagem de roupa suja. “Percebi que o mais importante é deixar as armas no chão, manter o diálogo e o nível do respeito mútuo mesmo nos momentos mais críticos”, avalia Santoro. Ailton recomenda que a ruptura seja feita com o mínimo de agressões, principalmente quanto há filhos envolvidos. “Dá vontade de lesar o outro, dá raiva, mas não recomendo conturbar mais a conversa”, diz ele.

3. Os filhos 
A melhor atitude é abrir o jogo. “Os filhos têm que ser comunicados", diz Ailton. E mesmo se a situação estiver tensa e os dois desgastados, é importante não contaminar a criança. O psicólogo explica que os filhos podem ter danos emocionais severos quando os pais ficam agressivos ou são usados como “massa de manobra”. No caso de Flávia, ela e o então marido esperaram o filho voltar de uma viagem para contar da mudança.

4. Suas coisas, minhas coisas 
A divisão de bens e objetos é provavelmente a etapa mais simbólica da separação. Lidar com as coisas do outro e limpar armários é dolorido, mas Ailton indica que o processo não seja adiado. “Se existem coisas da outra pessoa na sua casa é porque você ainda não se separou”, fala. “Esse processo de divisão dá pano pra manga, pode causar ressentimentos”, completa.

5. Luto é necessário 
Assumir a tristeza faz parte da recuperação. Depois de sentimentos como raiva, algumas pessoas sentem a dor diferente. “É preciso encarar. As separações têm um momento de revolta e inconformismo, seguido do luto, para depois a pessoa ficar mais compenetrada”, indica o psicólogo.

6. Exercitar a individualidade 
Passar algum tempo sozinha - em casa ou fora - é um caminho para se recompor. Flávia diz que passou alguns meses saindo em “carreira solo”, sem contar nem mesmo aos amigos. “É bom até para entrar em outro relacionamento mais inteira, menos influenciada por necessidades extremas, como carência”, avalia Ailton. Esse período também pode trazer sentimentos bons, de liberdade, alívio e a entrada de uma nova fase, segundo avalia Eliane Santoro.

7. Datas comemorativas 
Elas vão chegar... O primeiro Natal, Dia dos Namorados e aniversário de casamento. Essas datas ícones trazem à tona o peso da separação. Fazer um programa diferente, uma viagem e até trabalhar bastante ajudam a desviar o foco destas marcas no calendário.

8. Renovação 
Redecorar a casa, trocar a cama, comprar roupas novas e mudar o corte de cabelo. Essas iniciativas ajudam a trabalhar a autoestima e começar uma nova fase na vida. “As mulheres correm para a academia”, brinca Ailton. Esse é o momento de entrar em um curso, fazer novas amizades e se redescobrir.

9. O novo relacionamento 
“Não sabia paquerar. Ainda mais porque casei com meu primeiro namorado sério”, relata Flávia sobre a retomada de sua vida afetiva depois da separação. Ela diz que demorou pelo menos um ano para sair com outra pessoa e mais ainda para conseguir se envolver.

O segredo para quem quer voltar à ativa é não ter pressa em encontrar alguém só para preencher o espaço deixado pelo último companheiro. “A separação psicológica e a retomada de uma identidade pessoal ou social podem demorar até dez anos caso o relacionamento anterior fosse muito estruturado”, relata Ailton. Mas nem todo mundo é assim, explica o psicólog