“Paciente fica satisfeito com retirada das mamas e quase nunca quer construção do pênis”, afirma médico especialista nas operações
Xande sempre quis ser Júnior. Desde que criança, quando assimilou que seu nome de batismo “Alexandra” era uma versão feminina em homenagem a seu pai, teve a sensação de que alguma coisa estava errada. Pensava e sentia ser menino, ser Júnior. Viveu assim durante anos sem entender os motivos para o corpo não fazer jus aos seus sentimentos. Era menina só fisicamente. Todo o restante era de garoto.
Primeiro foi o corte de cabelo bem curtinho, depois as roupas, o andar masculinizado e, então, a construção da identidade máscula ficou quase completa. Ainda menstrua todo mês, “uma agressão mensal à sua personalidade”, e tem vergonha dos seios salientes que nem as camisetas mais largas conseguem esconder.
Pensou ser lésbica, teve uma filha em 1992, fruto de uma produção independente para atender aos anseios de sua relação que, na época, acreditava ser homossexual. Entendeu só em 2004 que não era uma mulher que gostava de mulheres. Era um transexual, transtorno de gênero reconhecido pela Organização Mundial de Saúde mas que não precisa vir acompanhado de nenhuma doença psíquica.
Foi aí que a Alexandra ficou mais confortável. Passou a ser chamada por todos de Xande e não gosta (e fica magoado) quando referem-se a ele usando pronomes e artigos femininos. “As mulheres que nasceram em corpos de homens têm muitas referências que ajudam elas próprias a entenderem o que são”, comenta Xande Santos, que já presidiu a Associação da Parada Gay de São Paulo e milita em favor dos direitos humanos.
“O caminho delas foi aberto com a ascensão de Roberta Close. Outras transexuais também ganharam fama (a última edição do Big Brother Brasil 11 traz como um de seus confinados Ariadna, uma transexual que está no primeiro paredão)” e a medicina trouxe alternativas”, pontua. “Nós, transexuais masculinos permanecemos praticamente invisíveis. Nossa batalha é para sair da marginalidade”, define.
Carla já foi casada e diz que hoje não quer relacionamentos. "Para me sentir completa, só falta a cirurgia." É fato que o histórico das cirurgias de mudança de sexo tem um pioneirismo de pacientes que nasceram homens e sentem-se mulheres. O Conselho Federal de Medicina reconheceu este procedimento cirúrgico em 1997. Em 2008, as operações deste tipo passaram a ser realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde lá até novembro de 2010, foram realizadas 73 operações, uma média de uma cirurgia a cada 15 dias.
Carla já foi casada e diz que hoje não quer relacionamentos. "Para me sentir completa, só falta a cirurgia."
Nenhum comentário:
Postar um comentário