quarta-feira, 5 de junho de 2013

Eles são diferentes e deram certo

Conheça histórias de casais que, com muito amor, convivem com diferenças que poderiam ser encaradas como obstáculos por muitos

Alexandre Castro/Fotoarena
A diferença de mobilidade entre Alessandro e Giordana não atrapalha o casal em nada
Ela tem 1,80m de altura e adora saltos altíssimos, que a deixam bem acima do pouco mais de 1,70m de estatura do namorado. Elas andam e eles são cadeirantes. Ela mora na Alemanha, mas ele, em São Paulo. Diferenças como estas, que fariam muitos desistirem da relação, fazem parte do cotidiano de diversos casais.
Cadeira de rodas vira liberdade 
“Acho que sou caso único no mundo”, comenta o administrador de empresas Alessandro Ribeiro Fernandes, 37, sobre ter demorado cerca de “4 segundos” para aceitar que não voltaria a andar depois de um acidente de moto, em julho de 2006. 

Alessandro conta que estava numa fase bastante ativa, praticando várias modalidades esportivas. “Eu tinha tudo para ficar deprimido, mas sempre fui muito prático. Quando recebi a notícia, não via a hora de já poder ir logo para a cadeira de rodas. Muita gente tem medo desse momento, mas, para mim, significava liberdade. A cadeira iria me tirar da cama do hospital.”

A história de Alessandro e da namorada, a engenheira civil Giordana do Rosário Silva, 33, começou antes do acidente. Eles tiveram um relacionamento breve, mas que ela nunca esqueceu. Quando o administrador estava se recuperando no hospital, Giordana o visitava com frequência. Acabaram retomando o namoro. “É claro que a gente, no início, fica pensando se vai dar muito trabalho namorar um cadeirante, mas isso passou logo. O Alessandro não depende de mim para nada”, afirma. 

Ele conta que a vida do casal é bastante ativa. “Nós sempre saímos e viajamos. A única coisa que mudou é que a minha condição exige um pouco mais de cuidado para sair de casa. Preciso ligar nos lugares antes de ir e me informar sobre a questão da acessibilidade”, conta.

O analista de suporte, Christian Matsuy, 36, e sua namorada, Mércia, também planejam suas saídas – menos por eles e mais pela falta de estrutura dos lugares. Christian sofreu um acidente de mergulho quando tinha 15 anos e quebrou a quinta vértebra do pescoço. Diferentemente de Alessandro, conta que demorou cerca de dois anos para se adaptar à sua nova realidade. Depois deste período, Christian retomou sua vida social e amorosa.
“Estamos juntos há dez meses. Eu dependo de outras pessoas para fazer muitas coisas, mas não fico encanado. Essa fase já passou”, diz o analista de suporte. “Mércia encara tudo com muita naturalidade. E tem a virtude de sempre perguntar a melhor maneira de fazer algo. Para um cadeirante, isso é muito importante”. 

Tanto Alessandro quanto Christian acreditam que o preconceito vem diminuindo com o passar dos anos. “Tempos atrás, eu notava muitas pessoas me olhando porque eu tinha relacionamentos com mulheres que andam. Hoje em dia, ainda tem gente que olha, mas acho que é por curiosidade mesmo. Nem eu nem minha namorada nos incomodamos”, conta Christian.

Salto alto é obrigatório 
Mesmo já sendo uma mulher com estatura acima da média, Silvania Cristina Pinhata, professora da rede pública estadual, 40, não dispensa um belo sapato alto. E nada de salto médio. Ela gosta mesmo é dos que ultrapassam os dez centímetros. Silvania tem 1,80m de altura e, com seus sapatos, se aproxima dos 2 metros. “Eu sou enorme perto do meu namorado. O Carlos mede pouco mais de 1,70m. O melhor de tudo é que ele ama meus sapatos. Ele acha lindo eu ser uma mulher tão alta. E eu sempre gostei de homens mais baixos. Deu tudo super certo”, conta a professora.

“As pessoas querem boicotar quem é muito alto. Dizem que temos que abolir o salto para que o parceiro não se sinta mal. Isso não existe no meu relacionamento”, afirma. Ela conta que até em lojas de sapato é possível ver reações que provam sua opinião. Segundo Silvania, os vendedores adoram sugerir que ela compre rasteirinhas – sapatos sem salto. “Eu não aceito isso nunca. Nem meu namorado. Uma das coisas que me deixa muito feliz no meu relacionamento é justamente isso: ele apoia meu gosto e não tenta me mudar”, explica.

No dia a dia, porém, ela confessa que o casal é alvo de olhares curiosos e, muitas vezes, preconceituosos. Ela diz que muitos não fazem questão de disfarçar. Com muito bom humor, Silvania conta que nunca ficaram incomodados e que a altura não é a única diferença física do casal. “Além dos mais de 20 centímetros de diferença, eu sou loira de olhos claros e Carlos é negro. Então, a gente chama muita atenção por onde passa.” 


Arquivo pessoal
O casal de namorados separado pela distância, Louize e Ricardo
Voltaram a namorar pela internet 
O estudante paulista Ricardo Denser, 19, confessa que foi um choque quando recebeu a notícia de que a namorada, Louize, iria passar um ano na Alemanha. A distância que beira os dez mil quilômetros assustou. “Foi um choque. Ela recebeu a passagem, por email, como presente da irmã que já estava morando lá. Até Louize ficou surpresa”, lembra.
Para piorar, o casal estava ensaiando uma reconciliação, já que tinha terminado o relacionamento semanas antes. “Quando tivemos a notícia da viagem, nem estávamos mais namorando. Fiquei perdido, porque não tinha direito algum de opinar”, conta Ricardo.
A viagem foi marcada com três meses de antecedência e, durante este período ele achou melhor desistir da reconciliação, já que a separação seria inevitável no futuro. “Só que não foi bem assim. Nos últimos meses dela aqui a gente não namorava, mas ficava junto sempre.”
O término da relação de três anos foi uma iniciativa de Ricardo. Louize sempre achou que podiam administrar o tempo e a distância. Depois da partida da ex-namorada o estudante mudou de ideia. “Eu pedi para voltarmos a namorar pela internet, quando ela já estava há dois dias na Alemanha. Vi que seria melhor esperar esse tempo e tê-la de volta do que perdê-la”, revela. Estão juntos até hoje, contando os dias para a volta dela. 


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