Estudo afirma existência do ponto G; comunidade científica contesta validade da pesquisa publicada no Journal of Sexual Medicine
A existência do ponto G é bastante controversa. Desde que foi descrito pela primeira vez, em 1950, sua descoberta é anunciada e negada por médicos e cientistas constantemente. O mais recente anúncio sobre o assunto vem dos EUA. O ginecologista Adam Ostrzenski, diretor do Instituto de Ginecologia de São Petersburgo, nos EUA, afirma ter encontrado o ponto G após sete horas de dissecção. Seu estudo foi publicado na mais recente edição do Journal of Sexual Medicine.
Mas diversos especialistas duvidam da afirmação de Ostrzenski,
alegando que seu estudo é rico em especulações e tem potencial para
conquistar manchetes na imprensa, mas é pobre em pesquisa científica
comprovada.
Ostrzenski diz ter encontrado o ponto G em uma dissecção
vaginal feita camada por camada no cadáver de uma mulher de 83 anos de
idade, que morreu em decorrência de um traumatismo craniano.
Parte da controvérsia sobre a existência ou não do tal ponto é que,
diferentemente do clitóris, o ponto G nunca foi visto ou sentido como
uma estrutura distinta no corpo da mulher. Embora muitas mulheres
afirmem sentir um prazer intenso quando têm a parte frontal da vagina
estimulada, nunca se pôde descrever a localização exata ou o tamanho e
aparência do ponto G.
Ostrzenski afirma que a estrutura descoberta no estudo tem três
partes distintas, e aparência azulada, semelhante a uma uva. Ele
pretende realizar investigações como esta em corpos de mulheres de
diversas idades, para tentar reproduzir a descoberta que foi feita no
cadáver da mulher de 83 anos. Se encontrarem a estrutura, ele acredita
que sua descoberta “poderá mudar absolutamente a visão de como o orgasmo
acontece; vai mudar a compreensão do sexo, e poderá ajudar no
tratamento dos problemas sexuais”.
Mas o estudo de Ostrzenski tem recebido críticas. Barry Komisaruk,
neurocientista comportamental, professor do departamento de psicologia e
reitor da Rutgers University, em coautoria com Beverly Whipple, também
da Rutgers, e Emmanuele Jannini, da Universidade italiana de Áquila,
disseram em comentário enviado ao Journal of Sexual Medicine que o autor
do estudo chegou a conclusões a partir de uma única amostra de tecido,
sem realizar testes científicos adequados. Em vez de ter encontrado o
ponto G, Ostrzenski pode ter encontrado o sintoma de uma doença, como um
tumor.
Os pesquisadores dizem também que “faltaram análises microscópicas
para determinar se o tecido é glandular ou erétil, se o vaso que foi
encontrado é um vaso sanguíneo ou um duto secretor, se tem enervação e
se é um tecido normal ou com alguma doença”.
“Acreditamos que a alegação do autor, de ter descoberto o ponto G,
não cumpre critérios científicos fundamentais”, escreveram ao Journal of
Sexual Medicine.
Os pesquisadores dizem que, para o estudo ser levado a sério, deveria
ter “análises microscópicas e químicas de dissecções de mulheres de
várias idades. E não apenas dissecções de cadáveres, mas observações
desta região do corpo ainda em vida, utilizando exames de imagem
modernos e outros métodos”.
Ostrzenski diz que ele só pode especular o motivo pelo qual ninguém
fez esta descoberta antes dele. “A localização do ponto G é muito
profunda, e talvez seja esta a razão”, diz. “Outro possível motivo é que
a vagina tem camadas separadas, e normalmente as cirurgias são feitas
apenas na camada superior”.
Além de seu próprio estudo, Ostrzenski diz que descobertas genéticas,
estudos da atividade elétrica vaginal e séculos de descrições feitas
por mulheres confirmam a existência do ponto G
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