Reduzir pela metade o consumo de sal já seria o suficiente para diminuir em 15% dos casos de AVC e em 10% os de infarto
A cada ano, 315 mil pessoas morrem no Brasil por doenças
cardiovasculares. Mais da metade dessas mortes, aponta a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), seria evitada com o diagnóstico precoce
e o tratamento da hipertensão. E os especialistas vão mais longe no alerta:
“O brasileiro come, em média, de 12g a 15g de cloreto de sódio (sal)
por dia. Se conseguisse diminuir esse total para 5g, isso seria
suficiente para reduzir em 15% os casos de AVC (acidente vascular
cerebral) e em 10% os casos de infarto” diz o cardiologista Carlos
Alberto Machado, diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular da SBC.
A influência do estilo de vida no surgimento da hipertensão, em
especial da alimentação, inspirou o mote da campanha deste ano da
entidade para o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão
Arterial, celebrado hoje (26).
Com o slogan “Menos sal, menos pressão, mais saúde” a SBC espera
aumentar a conscientização sobre a importância de reduzir o consumo de
sal na alimentação.
“Um pão francês tem 337mg de sódio. Ao comer três unidades você já
comeu mais da metade que pode comer o dia todo. As pessoas precisam
aprender a ler os rótulos dos alimentos e a escolher entre produtos
semelhantes os que contêm menos sódio na composição” adverte o
cardiologista.
Hoje a hipertensão atinge 30 milhões de brasileiros – cerca
de 30% da população adulta. Desse total, a maioria sequer sabe que tem
pressão alta e por isso não faz qualquer tipo de controle. Uma
realidade, explica Machado, que interfere diretamente nas estatísticas
de saúde do País, já que a hipertensão é responsável por 80% de todos os
casos de AVC e 47% dos infartos, fatais ou não, em todo o mundo.
Mas, como identificar que algo não anda bem na pressão sanguínea e
evitar que ela evolua para algo mais grave? Ao contrário do que muita
gente pensa, os sintomas comumente associados à hipertensão – dor de
cabeça, cansaço, tontura, sangramentos no nariz e pernas inchadas, entre
outros – não podem ser considerados um indicativo da doença porque nem
sempre há uma relação de causa e efeito entre a ocorrência deles e a
hipertensão.
“A única forma de identificar pressão alta é fazer a medição. Para
quem não tem problemas de saúde, a recomendação é ter a pressão medida a
cada seis meses. Quem descobre que tem, deve procurar um médico e
iniciar um acompanhamento que pode incluir mudanças no estilo de vida,
na alimentação e, caso necessário, o uso de medicamentos.”
A pressão alta pode comprometer o funcionamento de todo o organismo,
especialmente do coração, do cérebro, dos rins e dos olhos. Além
contribuir para a ocorrência de infarto e AVC, a doença pode agravar os
quadros de arritmia – alteração do ritmo normal do coração.
“Em pessoas que já têm arritmias, a hipertensão agravará de forma
importante o quadro, fazendo com que a arritmia se manifeste mais
frequentemente, em alguns casos, se torne crônica” explica o
cardiologista Adalberto Lorga Filho, presidente da Sociedade Brasileira
de Arritmias Cardíacas
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