Terapeuta familiar lança livro sobre o papel do homem na criação do filho e explica como fugir da alienação parental
Getty Images
Pais em disputa: filho não pode ser usado como objeto de conflito do casal
Autora dos livros “Madrasta – Quando o homem da sua vida
já tem filhos” (Editora Mercuryo) e “100% Madrasta” (Editora Integrare),
agora a terapeuta familiar Roberta Palermo enfoca o pai separado e
lança “Ex-marido, pai presente – Dicas para não cair na armadilha da
alienação parental” (Mescla Editorial). Em conversa, ela conta que o
principal problema do pai divorciado é ter dó dos filhos e medo da
ex-mulher. Está na hora de mudar isso.
O que é a Síndrome da Alienação Parental e por que ela é comum atualmente?
Roberta Palermo:
A Síndrome da Alienação Parental costuma começar quando, após a
separação, a mãe continua magoada com o ex-marido e fica com a guarda da
criança. Essa guarda se torna a única arma da mãe, que muitas vezes
quer punir o pai pela separação e começa a desqualificá-lo para a
criança. Um exemplo clássico: a mãe arruma o filho para a hora que o
papai for chegar, deixa a criança pronta e a mala pronta. Passam-se três
horas e o pai não chega. Então a mãe diz para irem tomar sorvete, já
que o pai não veio. O problema disso é que o pai nunca soube que deveria
ir – a mãe inventou a situação. Então a criança passa também a
desqualificar o pai e, quando ele realmente vier para buscar a criança,
ela estará arredia e não terá vontade de ir. O pai não pode desistir,
não pode aceitar migalhas. Mas é o que muitas vezes acontece.
A alienação parental é sempre culpa da mãe?
Roberta Palermo:
Não é da mãe, é do detentor da guarda. Pode acontecer o inverso,
também, mas como é muito difícil o pai ter a guarda em um processo de
separação normal, a mãe acaba sendo a causadora do problema por ter esse
poder de manipulação.
O papel do pai na criação dos filhos, mesmo
separado da mãe, é muito importante. Quais as consequências da distância
parental para a criança?
Roberta Palermo:
A ausência do pai ou da mãe sempre pode causar algum transtorno
emocional, deixando a criança desanimada, com baixo rendimento escolar,
até mesmo tornando-a mais agressiva. É uma perda muito séria. A mãe que
procura causar essa distância entre pai e filho comete uma maldade muito
grande contra o próprio filho. Se o homem não foi um bom marido, não
quer dizer que não seja um bom pai.
Mas muitos pais acabam vivendo a alienação parental por opção. Por que isso acontece?
Roberta Palermo:
Por desânimo, por dar trabalho. O problema é que o pai precisa
reaprender a ser pai após a separação, mas às vezes falta incentivo e
falta tempo para adaptação. Ele espera que o primeiro passo parta da
mulher. Se a ex-mulher tenta afastá-lo do filho, muitas vezes ele pensa
em ceder por achar que, de qualquer forma, o filho está sendo bem
criado. Mas a criança nunca vai entender que o pai a deixou de lado para
não criar mais problemas. A criança quer que o pai batalhe por ela. Por
isso, ele precisa desconfiar se achar que algo está estranho e, se for
necessário, entrar na justiça novamente. É fundamental ter o documento
oficial de dias de convivência, por exemplo. Ir à justiça não é brigar, é
organizar.
Reprodução
Capa de "Ex-Marido, Pai Presente", novo livro de Roberta Palermo
Quais são os principais direitos que o pai deve cobrar para evitar a alienação parental?
Roberta Palermo:
É preciso parar de se separar com pressa, para se livrar logo do
problema. Muitas vezes os combinados feitos na justiça são ruins e os
homens aceitam absurdos, tanto financeiros como de convivência. É uma
coisa que só percebem depois, quando precisam voltar para a casa da mãe
por não terem mais onde morar. Fazer tudo com desespero é o maior erro:
os pais têm o direito de conviver com os filhos em finais de semana
alternados e pelo menos um dia por semana. Por ser uma coisa que muitas
vezes dá trabalho, alguns pais acabam desistindo. Mas os direitos desses
homens também precisam valer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário