Como casais maduros estão terminando uniões de longa data e recomeçando a vida
nullJuntos há 40 anos, o ex-vice-presidente dos Estados
Unidos, Al Gore, e sua mulher, Mary Elizabeth Tipper Gore, estão se
separando. O casal disse aos amigos que o fim do casamento foi de comum
acordo e que eles estavam “crescendo separados”. A decisão surpreendeu
não só pelo tempo de união, mas porque eles eram um ícone de
relacionamento estável e feliz na política - chegaram a servir de
contraponto na ocasião do caso extraconjugal entre o presidente Bill
Clinton e sua estagiária Monica Lewinsk.
Gore e Tipper representam uma nova geração de casais que
está se separando depois de relações longas e em um momento de vida mais
maduro. “Esses casos estão aumentando. Era uma situação impensada no
passado”, diz Magdalena Ramos, terapeuta de casais e família e
professora do curso de psicologia da PUC/SP. “O motivo principal é que
as pessoas não estão querendo mais tolerar situações pesadas e
incômodas”, completa.
Já não é de hoje que o peso social do divórcio vem
diminuindo. Soma-se a isso o aumento da qualidade e expectativa de vida,
que no Brasil passou de 69,6 anos para 72,8 de 1998 a 2008, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
. Isso torna possível explorar o futuro de forma plena após o fim de um casamento longo.
Livres dos laços do relacionamento há mais espaço para explorar vontades individuais. Segundo Magdalena, para alguns casais os interesses podem ficar acirrados depois de muito tempo juntos. “Um gosta de viajar e sair e o outro quer ficar introspectivo em casa, por exemplo. Se o marido antes se esforçava para acompanhar a mulher nas atividades agora pode não querer mais. Aí vão perdendo os benefícios da relação”, explica.
Livres dos laços do relacionamento há mais espaço para explorar vontades individuais. Segundo Magdalena, para alguns casais os interesses podem ficar acirrados depois de muito tempo juntos. “Um gosta de viajar e sair e o outro quer ficar introspectivo em casa, por exemplo. Se o marido antes se esforçava para acompanhar a mulher nas atividades agora pode não querer mais. Aí vão perdendo os benefícios da relação”, explica.
Sem de bodas de ouro
Nancy Maria Garroux, 67, também estava casada há 40 anos quando se separou, há sete anos. Ela descobriu uma traição do marido e não aceitou m mais viver com ele. “Sempre o tratei muito bem. Quando soube que ele tinha outra foi um baque, mas tomei vergonha na cara, tive amor próprio e mandei ir embora de uma vez”.
Nancy Maria Garroux, 67, também estava casada há 40 anos quando se separou, há sete anos. Ela descobriu uma traição do marido e não aceitou m mais viver com ele. “Sempre o tratei muito bem. Quando soube que ele tinha outra foi um baque, mas tomei vergonha na cara, tive amor próprio e mandei ir embora de uma vez”.
Acervo pessoal
Nancy Garroux, 67 anos:"Estou vivendo o melhor tempo da minha vida"
Diferente do caso de Gore, o processo da família Garroux não foi
amigável e se arrastou por anos na justiça. “Ele pensou que eu não ia
fazer isso nunca”, diz Nancy. “Achou que eu estava muito bem e tentou
tirar as coisas de mim: o carro, a casa e até a pensão”.
Uma coisa é saber que a decisão certa foi tomada. Retomar
a vida sozinha é outra história. “Precisei de muita força de vontade,
pensar no que eu passei de ruim e o que tinha de bom pela frente”, conta
Nancy, mãe de quatro filhos - que ficaram do seu lado durante a
separação. Os netos também deram uma força: ela passou a última semana
hospedada na república da neta, no Paraná, mimando ela e as colegas de
faculdade.
De maneira geral, em uma separação tardia o homem envereda mais pela procura de uma nova parceira mais jovem enquanto as mulheres focam na idéia de viver com mais tranqüilidade, avalia a psicóloga Magdalena. “Eles têm uma ilusão de conquista e possibilidades, e a mulher tem a ideia que vai viver mais em paz e fazer o que quer, principalmente se o marido demandava muito”, diz.
De maneira geral, em uma separação tardia o homem envereda mais pela procura de uma nova parceira mais jovem enquanto as mulheres focam na idéia de viver com mais tranqüilidade, avalia a psicóloga Magdalena. “Eles têm uma ilusão de conquista e possibilidades, e a mulher tem a ideia que vai viver mais em paz e fazer o que quer, principalmente se o marido demandava muito”, diz.
Viajar está entre as novas atividades atuais de Nancy,
que não deixou de frequentar o baile nos finais de semana em Atibaia
(SP), onde mora. “Nos 40 anos que vivi junto era amarrada, prisioneira e
fazia tudo do jeito dele. Hoje eu faço o que quero” desabafa. O plano
dela agora é arrumar um emprego, trabalhar durante a semana e dançar a
noite “que é o que eu mais gosto”.
A segunda chance é para aproveitar
Acervo pessoal
Depois de superar um câncer de pulmão, Denise adotou um ritmo de vida diferente. E o marido não companhou.
“Precisava viver algo que valesse a pena e o casamento não estava me
dando isso”, conta Denise Rodrigues, 51, consultora de Recursos Humanos.
Ela se separou em 2007 ao perceber que sua relação estava “uma
pasmaceira só”.
Hoje em Santos (SP), Denise na época morava em Palmas
(TO) para acompanhar a carreira de juiz do marido, que passava os dias
da semana no interior do estado. A distância física foi se tornando
prática também: “tínhamos desejos diferentes e sexo era uma raridade”.
A mudança no relacionamento começou principalmente depois
que ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2004. Após uma
cirurgia e quimioterapia, foi necessária uma mudança de hábitos e as
baladas foram trocadas por caminhadas e natação. “Eu tinha um ritmo. Ele
passou a sair mais sozinho com os amigos pra poder fumar e beber a
vontade, começou a não vir no fim de semana pra casa”, lembra Denise que
hoje compete em um time de Triatlo.
As atividades separadas se transformaram em férias
separadas e então, em separação de fato. “Por mais que tenha doído, dói
menos que viver aquilo”, avalia. “Bati na trave, não vim pro segundo
tempo para sofrer”.
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