Cientista e maratonista, a professora universitária Ana Beatriz Gorini da Veiga, 34 anos, coleciona conquistas
Vinculada à disciplina de biologia molecular na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Ana Beatriz leciona para alunos de graduação dos cursos de medicina, biomedicina, enfermagem e farmácia, e para os alunos de mestrado e doutorado dos programas de pós-graduação.
“Como professora universitária, tenho uma carga horária de 40 horas semanais e estou envolvida em atividades de ensino, pesquisa e extensão, dando aulas, orientando alunos, desenvolvendo projetos e organizando eventos diversos, como simpósios e cursos”, conta.
Mesmo assim, encontra tempo para correr – e frequentar os pódios! Para se ter ideia, em 2010 Ana venceu a Maratona de Punta del Este, no Uruguai, com o tempo de 3h03m. Esse ano ficou em 5º lugar geral na Meia Maratona Caixa da cidade do Rio de Janeiro. No último mês, faturou a primeira colocação na prova de 5 km da 3ª etapa do Circuito Athenas de Porto Alegre.
Força e muito charme em uma prova de endurance entre São Paulo e RioE pensar que tudo começou com 20 quilos a mais... Na adolescência, em um programa de intercâmbio nos Estados Unidos, ela engordou muito. Foi para exterminar os excessos que deu seus primeiros passos na corrida.
“Uma amiga que sabia que eu queria emagrecer, me inscreveu na equipe de atletismo da escola. Fui forçada a correr”, lembra.
Ela se apaixonou pelo esporte. “Sempre corria sozinha e passei a ter muita disciplina. Lembro da cara de espanto de algumas pessoas que me viam e deviam se perguntar quem era aquela louca correndo de short curto em pleno inverno em Porto Alegre e em dias de chuva torrencial”.
Com o passar do tempo, Ana foi colecionando conquistas. Ficou em primeiro lugar na categoria em sua primeira maratona, em 1999, em Porto Alegre. No ano seguinte, na mesma prova, faturou o segundo lugar.
“Em 2002 participei da Maratona de Paris, concluindo em 3h09m. Na chegada estranhei ao ser abordada por fotógrafos e jornalistas: havia sido a primeira sul-americana a terminar a prova!”, conta.
Em 2005, assim que terminou o doutorado, a bióloga foi agraciada com o Prêmio Jovem Cientista, entregue pessoalmente pelo então presidente Lula.
Em 2005 Ana ganhou o Prêmio Jovem Cientista, entregue pelo então presidente Lula
“Foi um momento marcante. Meu trabalho concorria com mais de mil, do Brasil e da América Latina. Como nas corridas, eu tinha apenas o intuito de participar– achava que minhas chances eram mínimas, mas o trabalho estava escrito e decidi mandar. Ter sido reconhecida profissionalmente foi muito gratificante”, diz.
Com incansável dedicação à ciência, ela planeja ampliar seus horizontes.
“Tem muita coisa que gostaria de pesquisar na área na qual fiz doutorado, mas cheguei à conclusão que a corrida faz mais do que parte da minha vida, é condição básica para que eu tenha boa saúde física e mental, para que eu acorde feliz, para que eu esteja bem-humorada, para que eu tenha disciplina em tudo".
Por isso, Ana planeja desenvolver algum tipo de trabalho que integre sua área – pesquisa básica em áreas como biologia celular e molecular, bioquímica, genética – com a prática da corrida.
Como dar conta de tudo? “Sempre acordei cedo e tenho jogo de cintura para encaixar todos os compromissos”, ensina.
E ela sempre dá jeitinho um jeitinho, principalmente para correr. Certa vez, por exemplo, a bióloga estava em pleno Deserto do Sahara, no meio do nada, e precisava realizar um treino de duas horas.
“Corri ao redor de um lago que havia no oásis, cercada daquela areia toda. Os nômades não entenderam nada”, diverte-se.
Em época de preparação para corridas importantes, a rotina de treinos se intensifica. “Para todo bônus existe um ônus. Então abro mão de algumas coisas. Outro dia estava louca para ir surfar, mas tinha que terminar de escrever um projeto e treinar. Claro que acho importante o convívio com minha família e gostaria de estar em um relacionamento estável. Mas enquanto não aparece meu príncipe encantado, eu trabalho e... corro!”
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