Passageiros reclamam de frio e demora no resgate. Batida em banco de areia aconteceu durante o jantar
"Vivemos momentos de caos total. Ninguém da tripulação sabia dizer o que devíamos fazer. O navio começou a inclinar e todo mundo foi jogado uns por cima dos outros. Muita gente ficou machucada", contou uma família italiana que estava a bordo do Costa Concordia, navio que na sexta-feira à noite encalhou em frente à ilha de Giglio, na Itália.
Passageiros do navio chegam ao continente no porto de Santo Stefano, na Toscana
Com mais de 4,2 mil pessoas a bordo, o acidente ocorreu em águas do Mar Tirreno, na região central da Toscana. A embarcação que fazia um cruzeiro pelo Mediterrâneo saiu do porto de Civitavecchia (centro) com destino a Savona (norte) para iniciar a viagem com escalas em Palermo (Sicília), Cagliari (Sardenha), Palma de Mallorca (Espanha), Barcelona, Marselha (França) e retornar a Savona, detalhou a companhia responsável pela viagem. Três pessoas morreram e dezenas estão desaparecidas.
Cerca de 2h depois de deixar Civitavecchia, por volta das 21h30 (18h30 de Brasília), quando a
embarcação estava próximo da ilha de Giglio e os passageiros jantavam, sirenes soaram. "Foi um pesadelo, parecia o Titanic, pensamos que era o fim, que íamos morrer", relataram os italianos Silvana Caddeo, Ignazio Deidda e Mirella Corda à imprensa local. Eles contaram que com a colisão garrafas e copos voaram das mesas.
Eram 21h40 (18h40 de Brasília) e imediatamente a partir dos alto-falantes da embarcação foi dado o aviso de que um problema elétrico havia acontecido e que não havia motivos para preocupação. "Mas as pessoas gritavam e as crianças choravam, em meio à total escuridão", afirmaram os italianos sobreviventes.
Eles disseram que imediatamente perceberam que a situação era grave porque o navio começou a inclinar para um lado. Relataram que viram muitas pessoas lançarem-se às águas frias do Tirreno
Houve muito pânico, as mesas viraram, os copos voaram para todos os lados e nós corremos para os decks onde colocamos nossos coletes salva-vidas. Estávamos muito assustados e congelando, porque ninguém teve tempo de tomar mais roupas. Eles nos deram cobertores, mas não havia em quantidade suficiente", disse a passageira Mara Parmegiani à mídia italiana.
“ Foi um pesadelo, parecia o Titanic, pensamos que era o fim, que íamos morrer"
Passageiros queixaram-se da lentidão das equipes de socorro, alguns indicaram que levaram até 1h30 para deixar o navio. Membros da tripulação confessaram que o capitão da embarcação sabia da gravidade da situação "e não fez o que devia ser feito".
Yuri Selvaggi, sua esposa e filhos - uma família da localidade sulina italiana de Anagni - falou sobre os momentos de pânico vividos dentro e fora do navio a caminho da terra firme. Não fosse o susto dentro do navio, o bote salva-vidas que estavam bateu contra o cruzeiro, mas que por sorte não virou.
"Foi horroroso. As crianças choravam, as pessoas estavam desesperadas, e disseram que os passageiros tinham que voltar para seus camarotes", afirmou a chilena Vivianne Parra à imprensa do Chile. "Não entendemos nada. Não sabemos por que demorou tanto tempo para as pessoas poderem sair do navio. Os passageiros estavam desesperados pois a embarcação ficava cada vez mais inclinada. Em muitos momentos a luz foi cortada e se instaurou o pânico", relatou. Vivianne denunciou que apesar do capitão garantir que estava tudo sob controle, o "o caos era absoluto e os passageiros discutiam entre si".
Não sabemos por que demorou tanto tempo para as pessoas poderem sair do navio. Os passageiros estavam desesperados pois a embarcação ficava cada vez mais inclinada. Em muitos momentos a luz foi cortada e se instaurou o pânico"
Na ilha de Giglio as autoridades convocaram a população para ajudar na acolhida aos passageiros do cruzeiro. Moradores abriram suas casas para receber os viajantes, assim como centros esportivos e a pequena igreja da localidade serviram de abrigo.
Centenas de habitantes que durante o inverno vivem na ilha ofereciam alimentos e deram o conforto às pessoas que chegavam à ilha. Algumas lojas abriram durante a noite e a população cedeu cobertores e roupas para que não passassem frio.
Sobre os eventuais atrasos no salvamento, a Capitania dos Porto de Grosseto, à qual Giglio é ligada, anunciou a abertura de uma investigação. O capitão de corveta Emilio do Santo admitiu os atrasos.
A embarcação envolvida no acidente é a maior italiana de passageiros, pertencente à companhia Costa Cruzeiros. O navio encalhou por causas ainda desconhecidas e está escorado a 80 graus em uma região arenosa com profundidade de 30 metros.
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