Infecções na boca e na garganta de uma doença transmitida principalmente pelo sexo conhecida como papilomavírus humano (HPV), que pode levar ao câncer, são mais comuns entre os homens do que entre as mulheres, segundo um estudo americano divulgado nesta quinta-feira (26).
Cerca de 7% da população dos EUA com idade entre 14 e 69 anos tem HPV oral, informou a pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association, com uma taxa de incidência de 10,1% entre os homens e 3,6% entre as mulheres.
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As descobertas esclareceram ainda mais uma crescente epidemia de câncer nas regiões da cabeça e do pescoço ligada ao HPV. Até 2020, os tumores nessas regiões devem superar os casos de câncer de colo de útero provocados pelo vírus. Isso poderia justificar testes clínicos de uma vacina de HPV contra lesões orais, segundo os autores do estudo.
Atualmente a vacina de HPV é recomendada para meninos e meninas nas idades de 9 a 10 anos para evitar cânceres de colo de útero e anal no futuro.
O estudo contou com 5.579 pessoas que participaram da Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição (NHANES, na sigla em inglês) de 2009 a 2010, e concordaram com um teste oral de 30 segundos em um centro de exames móvel.
O estudo descobriu que o HPV oral é mais frequente entre pessoas idosas, fumantes, parceiros sexuais recentes, alcoólatras e usuários de maconha.
As maiores taxas de HPV oral entre os homens são vistas com mais frequência nas idades de 60 a 64 anos, com 11,4% de casos nessa faixa etária. O segundo nível mais alto foi encontrado entre homens de 30 a 34 anos.
De acordo com a especialista Maura Gillison, do Ohio State University Comprehensive Cancer Center, os dados sugerem que a provável causa das infecções de HPV oral está ligada ao sexo.
"Analisados juntos, esses dados indicam que a transmissão pelo contato casual, não-sexual, é pouco comum," escreveu ela, pedindo mais estudos nesta área para estabelecer o que os pesquisadores chamam de "história natural" da doença.
"Apesar da infecção de HPV oral ser a causa do câncer que está crescendo em incidência nos Estados Unidos, pouco se sabe a respeito da epidemiologia da infecção", indicou Gillison.
"Estudos de história natural de infecção de HPV oral são, portanto, necessários para entender os efeitos da idade, do sexo, e os fatores de risco modificáveis (por exemplo, fumo e comportamento sexual) quanto à incidência e duração da infecção de HPV oral".
Cânceres orais "cresceram significativamente nas últimas três décadas em vários países e o HPV tem sido diretamente relacionado como causa subjacente," de acordo com informações do artigo.
Gillison, que estuda o HPV e o câncer há 15 anos, disse em uma conferência científica realizada nos EUA no ano passado que quando pessoas que têm HPV oral são comparadas com àquelas que não têm, "o único grande fator é o número de parceiros com quem as elas fizeram sexo oral."
Pessoas com infecções de HPV oral têm 50 vezes mais chances de ter câncer oral que as pessoas que não têm HPV.
Os pesquisadores observaram um aumento de 225% nos casos de câncer oral nos Estados Unidos de 1974 a 2007, principalmente entre homens brancos.
O HPV está ligado a quase 13 mil casos de câncer de colo do útero por ano em mulheres americanas, 4,300 dos quais são fatais. Pesquisadores esperam que o número de casos de câncer oral vai superar o número de casos de câncer de colo de útero nos próximos oito anos.
O estudo foi financiado em parte pela gigante farmacêutica Merck, que produz uma das vacinas contra o HPV.
A Gardasil da Merck foi aprovada para meninas e mulheres de idades entre 9 e 26 anos em junho de 2006 e para homens na mesma faixa etária em outubro de 2009.
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