Antes de mais nada é preciso marcar territórios, assumir posições, estabelecer a verdade. O boné é uma das maiores invenções da humanidade. Não importa quem inventou. Não faz diferença de onde veio. Aliás, parece mesmo que ele sempre existiu, desde tempos imemoriais, entregue aos humanos por algum ente sagrado ou surgido, por milagre, do seio da natureza.

Ora, mas que exagero? Prático, leve, versátil, barato, style e acima de tudo, extremamente eficiente, o boné transmite respeito e humildade na saída de uma missa de sétimo dia, protege do sol numa tarde de futebol, cria um clima de informalidade sem diminuir a autoridade de um general, dá mais segurança na hora de um xaveco. Quem pode ser contra?

Admito que existem casos extremos. Tenho um amigo que usa o mesmo boné há mais de 10 anos e nunca tive coragem de perguntar se alguma vez o lavou. Trabalhar 10 horas por dia com o boné na cabeça e, óbvio, emendar com ele pra balada, convenhamos, não é necessário.

Ocorre que assim como carros não foram feitos para matar, mas podem causar acidentes, o uso maníaco-compulsivo-psicótico do boné pode trazer efeitos colaterais. Isso porque o couro cabeludo possui glândulas sebáceas que produzem oleosidade e o uso continuado de algo pressionando essa região pode, eventualmente, levar à queda de cabelos.

Já ouço alguns camaradas numa reação defensiva perguntar: e usar gel também não estraga os cabelos? Os mais radicais dirão até: e lavar os cabelos todos os dias também não prejudica o couro cabeludo?

Voltando ao início, meu compromisso é com a verdade. O fato. A resposta para as duas perguntas é: não!

O uso de gel não possui nenhuma contra-indicação, até porque ele é totalmente removido durante a lavagem. E lavar os cabelos todos os dias é saudável, na medida em que controla a tal oleosidade do couro cabeludo.

Posto isso, voltamos ao ponto. A queda de cabelo provocada pelo boné é apenas uma possibilidade, assim como você tem chances matemáticas de ganhar na loteria.