sexta-feira, 9 de maio de 2014

Aos 36 anos, representante comercial mora com a mãe: "Ela é tudo para mim"

Segundo dados do IBGE, homens são maioria na "geração canguru", pessoas entre 24 e 34 anos que moram com os pais. Para psiquiatra, tendência não é saudável; já psicóloga afirma que não é necessariamente preocupante

Arquivo pessoal
Irene e Ricardo
De uns anos para cá, o termo "casa, comida e roupa lavada" identifica menos uma boa proposta de casamento e justifica mais a situação de jovens que ainda moram com os pais. É o caso de Ricardo dos Santos Ferreira, 36 anos, representante comercial, solteiro e que ainda usufrui do conforto da casa dos pais. "Eu acho que já deveria ter tomado outro rumo em minha vida, mas as coisas não saíram como planejei, talvez por minha indisciplina financeira", avalia.
Para ele, a falta de privacidade é o único fator que deixa a desejar. Já os "mimos" da mãe, para ele, são exagerados. "Minha mãe me mima tanto que até me irrita, mas sei que vou sentir falta em qualquer situação que venha a acontecer no futuro: casar ou morar sozinho. Ela é tudo para mim!", confessa.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24% dos jovens com idade entre 25 e 34 anos - denominada "geração canguru" -, moram com os pais. Desse total, 60% são homens. Para a socióloga Sarah Silva Telles, docente da PUC-RJ, dois fatores justificam este fenômeno: questão financeira e valores. "Proteger os filhos já é uma característica da cultura latina, bem representada pelo papel de supermãe."
Além disso, segundo a socióloga, com os avanços da tecnologia e o consumismo, está cada vez mais elevado o custo nas grandes cidades. "Não é fácil manter o conforto de um jovem de classe média, por isso é mais vantajoso continuar morando com os pais, com a liberdade de direcionar seus recursos para o lazer", afirma. Outro fator é a mudança de comportamento adquirida nas últimas décadas, em que a liberdade sobrepôs o conflito: "Na década de 70, sair de casa era sinônimo de rebeldia. O jovem buscava, entre tantas coisas, a liberdade sexual". Hoje, esse conflito de geração está atenuado, e pais e filhos conseguem conviver de forma mais harmônica, cada um respeitando seus espaços e limites

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