Hoje é dia da luta antimanicomial. Uma luta não apenas pelo direito a um tratamento humanitário, mas sobretudo, uma luta contra a exclusão e o genocídio motivado pelo ideal de “limpeza” da sociedade.
Casos que nos lembram o Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, por exemplo, onde menos de um terço dos pacientes tinham diagnóstico de doença mental. Todos os outros estavam ali porque a sociedade não os queria por perto: epiléticos, mendigos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas violentadas ou que perderam a virgindade antes do casamento compunham os 70% restantes dos internados naquela instituição, que chegou a 5 mil internos na década de 1960. Ali aconteceu parte do holocausto brasileiro. 60 mil mortes, que por décadas não interessaram a ninguém. O movimento antimanicomial resultou na Lei 10216 de 2001 (Lei Paulo Delgado), que reformulou o modelo de Atenção à Saúde Mental, transferindo o foco do tratamento que se concentrava na instituição hospitalar para uma Rede de Atenção Psicossocial, estruturada em unidades de serviços comunitários e abertos(CAPS).
Eu tive a oportunidade de trabalhar durante 5 anos num CAPS, conviver no dia a dia com pessoas com transtornos mentais, gente como a gente que muitas vezes uma conversa, uma oficina de artesanatos, uma dinâmica, tem resultados maravilhosos.
O fim dos manicômios, hoje, é uma realidade em nosso país, mas que é ameaçada por políticas de internação compulsória em comunidades terapêuticas, instituições que não oferecem nenhuma atenção psicológica e acabam por repetir o modelo do Hospital Colônia.
O CAPS tem que ser uma realidade em toda parte e com sua principal função, a inclusão do cidadão com transtornos mentais na sociedade e resgatar sua cidadania.
Falo tudo isso por experiencia, pois trabalhei convivi e sei como é importante a todos estarmos juntos nessa luta antimanicomial.
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